O presidente Jair Bolsonaro (PL), juntamente com o núcleo duro de sua campanha nas eleições 2022, agiu para tirar o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) da disputa. Pessoas ligadas aos dois políticos trabalharam nos bastidores para convencer o ex-ministro de migrar do Podemos para o União Brasil nos últimos momentos da janela partidária e, depois, ser impedido de se lançar candidato.
Tudo não passou de uma estratégia da cúpula bolsonarista e que agiu tanto dentro do PL quanto no União Brasil. Fontes confirmaram ao DCM que Sergio Moro foi convidado a trocar de legenda com a promessa de que teria mais estrutura, caso fosse candidato e se seu nome emplacasse. Horas depois, no entanto, um levante dentro da sigla fez com que ele fosse vetado como o nome, sendo trocado por Luciano Bivar.
A resistência a Moro não passa pelo fato do ex-juiz ter a antipatia de políticos tradicionais do DEM – o União Brasil é fusão da legenda com o PSL – mas principalmente pela simpatia a Jair Bolsonaro. Alguns políticos que estão extraoficialmente apoiando a reeleição do presidente viram nisso uma chance de tirar um adversário que eles consideravam forte da disputa.
Campanha considera que estratégia foi um erro
Os bolsonaristas mais eufóricos ficaram animados quando Moro saiu da disputa e o presidente cresceu nas pesquisas. Alguns passaram a dar entrevistas públicas afirmando que Bolsonaro ultrapassaria seu principal adversário e líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mês de maio, o que acabou não acontecendo.
Agora, com o fim do mês, o núcleo duro da campanha, o mesmo que traçou a estratégia de Bolsonaro boicotar Moro, considera que a estratégia foi equivocada. Embora o presidente tenha ganho simpatizantes, ele não conseguiu diminuir o eleitorado de Lula e evitar as chances de que o petista vença no primeiro turno. Isso porque, embora parte significativa dos eleitores do ex-juiz vote em Bolsonaro, há quem também vote em Lula e isso fez com que ele crescesse.