Bolsonaro, Braga Netto e Heleno devem ser indiciados por plano golpista em novembro

Atualizado em 19 de outubro de 2024 às 7:24
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve ser indiciado pela PF. Foto: Isac Nóbrega

A Polícia Federal prepara para novembro o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de alguns de seus ex-ministros, incluindo militares de alta patente, por envolvimento na tentativa de golpe de Estado após a derrota para Lula em 2022. A lista inclui os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, além dos ex-ministros Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira. Com informações de Guilherme Amado, do Metrópoles.

As investigações da PF revelam elementos que indicam o envolvimento direto dos acusados em uma trama golpista que foi articulada especialmente após o segundo turno das eleições. Um dos principais pontos da investigação é uma minuta encontrada com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Esse documento previa a decretação de um Estado de Sítio e a implementação de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que permitiria contestar os resultados eleitorais, à margem da Constituição.

Além disso, depoimentos recentes dos ex-comandantes do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, complicam ainda mais a situação de Bolsonaro.

Ambos confirmaram que foram pressionados pelo ex-presidente a apoiar um golpe de Estado, recusando-se a participar da trama. Freire Gomes foi alvo de críticas severas de Braga Netto, que o chamou de “cagão” por se recusar a aderir ao plano golpista.

Augusto Heleno, Walter Braga Netto, Jair Bolsonaro, Almir Ganier e Anderson Torres podem ser indiciados. Foto: reprodução

O almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, foi o único dos chefes militares que teria demonstrado disposição em mobilizar tropas para apoiar a tentativa de golpe, de acordo com a PF.

Já Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, é acusado de utilizar sua posição de poder para incitar e influenciar outros núcleos de apoio à consumação do golpe, enquanto Anderson Torres, que era secretário de Segurança do Distrito Federal no 8 de Janeiro, é apontado como “tradutor jurídico” da minuta golpista. Torres foi duramente criticado por sua ausência em Brasília no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes, quando estava de férias.

Outro nome importante na investigação é o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Uma agenda apreendida em sua casa trouxe anotações com medidas que poderiam ser adotadas para frear instituições como a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal. O plano incluía até mesmo a prisão de delegados que se dispusessem a cumprir ordens judiciais consideradas ilegais pelo governo.

Em relação a Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato à Vice-Presidência na chapa de Bolsonaro, a PF encontrou provas de que ele tentou pressionar Freire Gomes e outros comandantes militares a apoiarem o golpe.

Em uma troca de mensagens revelada pela investigação, Braga Netto classifica Baptista Júnior como “traidor da pátria” por sua resistência aos planos, enquanto elogiava Garnier por sua adesão.

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