O ex-presidente Jair Bolsonaro expressou pesar pelas depredações aos prédios públicos ocorridas pelos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. No entanto, simultaneamente, ele atribuiu os atos à esquerda. As declarações de Bolsonaro foram concedidas na última quinta (4), em Angra.
Na ocasião, mais de 4 mil manifestantes invadiram e danificaram os edifícios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro afirmou que seus seguidores não estiveram envolvidos no episódio. “Temos a convicção de que aquilo foi uma armadilha por parte da esquerda. Infelizmente, a investigação não avançou. Nem o general G. Dias fez parte do corpo final da CPMI. Então, a CPMI não serviu para absolutamente quase nada. Lamentável. Não é do pessoal que nos segue, que nos acompanha, pessoal bolsonarista, pessoas de direita, pessoal conservador, nunca foi de fazer isso”, afirmou o ex-presidente.
Segundo ele, a informação que tinha era que havia 300 pessoas no acampamento em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, de onde saiu a maioria dos manifestantes, e onde eles seriam presos após os distúrbios. O ex-presidente enfatizou que as invasões dos prédios na Praça dos Três Poderes não caracterizaram um golpe de Estado.
Bolsonaro argumentou que os protestos em Brasília não tinham liderança. “Para haver a tentativa [de golpe], tinha que ter uma pessoa à frente. Tudo que foi apurado não levantou nome algum. São suposições. Quem vai dar um golpe com velhinhos, com pessoas idosas com a bíblia debaixo do braço, com a bandeira na outra mão, com pessoas do povo, com vendedor de algodão-doce, com motorista de Uber, com menor de idade, com criança? Quem vai dar um golpe nesse sentido? E outra: foi em um domingo”, destacou Bolsonaro.
Como parte de seu argumento de que não houve tentativa de golpe, Bolsonaro enfatizou que o alvo dos protestos não era o presidente Lula. “Um golpe é contra um chefe de Estado, não é contra um ministro do Supremo, presidente da Câmara ou do Senado. É contra o chefe de Estado, que naquela manhã já havia ido para Araraquara — avisado por alguém do problema que ia ocorrer — e foi para Araraquara se encontrar com o prefeito do município”, disse.
Ele também criticou as penas impostas aos manifestantes nos julgamentos do Supremo Tribunal Federal. “Lamentamos também as punições altíssimas que as pessoas sofreram. Até porque são culpadas, segundo o relator do STF, de uma tentativa armada de mudar o estado democrático de direito. E nenhuma arma foi encontrada. Nem traficante fica 17 anos de prisão”, finalizou.
Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente e vereador do RJ, compartilhou a entrevista de seu pai nas redes. Em sua conta no X, ele afirmou que seu pai apenas “afirmou o óbvio” em suas falas. Ele também contou que uma união de “democratas relativos” se juntam para descredibilizar Bolsonaro.
Confira o tuíte do vereador:
A pessoa tem que repetir o óbvio, o cristalino e o que qualquer um com dois neurônios consegue entender, entretanto a união dos “democratas relativos” tentam de tudo para criar narrativas diariamente junto com a rede globo e tentar prejudicá-lo. Enquanto isso o chefe da facção…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) January 6, 2024