PUBLICADO NO TIJOLAÇO
POR FERNANDO BRITO
Demitido o diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, resta esperar que Sergio Moro cumpra a promessa de demitir-se do Ministério da Justiça.
Se fará ou não, claro, não se pode adiantar. Mas sai evidentemente estropiado: tem uma invejável coleção de derrotas acumuladas em menos de 15 meses de governo.
Inclusive a última, a de permanecer quieto enquanto o chefe ensaiava um descarado ataque à democracia e às instituições, algo que é diretamente afeto às suas abandonadas atribuições. Ou não, já que ele se portava, em Brasília como em Curitiba, como chefe de polícia e diretor de cadeia.
Depenou-se, nesta caminhada, o pavão paranaense.
De Super-Homem, deus vindo à Terra com a espada flamejante da anticorrupção e os seus camisas negras do Ministério Público como corte.
Ao que parece ser o fim desta caminhada, porém, saiu do altar-mor e repousava quieto no nicho lateral – blindado, reconheça-se. pela Globo, que não deixava ver seu comportamento herético – à espera de que Bolsonaro desencantasse os fiéis.
Mas esta religião, fanática e fascista, é monoteísta e, cedo ou tarde, aplaudiria a destruição das imagens.
Na falta de capacidade de agir, em meio à crise, Bolsonaro resolve que o principal perigo eram as imagens que entronizara.
A Paulo Guedes, a discreta remoção pelos generais. A Sergio Moro, o avanço feroz dobre os domínios sob a sua guarda, onde, na visão do chefe, armavam-se revelações de seus pecados.
Desconhece-se se Moro aceitará ser reduzido, enquadrado e limitado a adorador do Moloch ou se levará seus cacos, amparado no que lhe resta de apoio da Globo – ontem havia um rio de lágrimas no noticiário – para a remora esperança de um exílio a pretender voltar como São Sebastião.
Não é provável, até porque seus adoradores, em boa parte, transitaram para a insanidade bolsonarista.
Por isso, chutou o santo da Globo, que anda louca, também, para por outro em seu lugar.