O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem se comparado com a ex-presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, presa após ser acusada de golpe contra seu antecessor, o ex-presidente Evo Morales, em 2019. O chefe do Executivo brasileiro chegou a dizer, durante uma fala no último sábado (18), que já teve um encontro cara a cara com a ex-líder política.
“Alguém já ouviu falar de Jeanine Áñez? Quem é essa mulher? Ela tem aproximadamente 50 anos, loira, estive com ela uma vez na vida, tive uma boa impressão de ela, uma pessoa legal, num primeiro contato ela tirou quase dez”, disse durante discurso em Cerimônia de Unção Apostólica, em Manaus (AM).
A fala de Bolsonaro aumenta as suspeitas da cumplicidade do governo brasileiro com o golpe boliviano. Há cerca de um ano, o presidente já tinha mencionado o possível encontro, que foi negado pela defesa de Áñez. Na época, os auxiliares do mandatário retiraram a frase sobre o encontro das redes sociais.
“A ex-presidente pediu que a defesa expresse enfaticamente que ela nunca teve uma reunião com o senhor Jair Bolsonaro”, disse a doutora Norka Cuéllar, negando qualquer possibilidade de encontro entre ambos.
O presidente também se comparou com Áñez durante sua viagem aos Estados Unidos, para a Cúpula das Américas. “A turma dela perdeu, voltou a turma do Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa preventivamente. E agora foi confirmado dez anos de cadeia para ela. Qual a acusação? Atos antidemocráticos. Alguém faz alguma correlação com Alexandre de Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para mim quando deixar o governo?”, questionou Bolsonaro, em entrevista a jornalistas na saída de um restaurante em Orlando, onde participou de uma motociata com apoiadores, no último dia 11.