José Tostes, ex-chefe da Receita Federal, foi demitido por Jair Bolsonaro um mês após reter joias que o governo tentou trazer ilegalmente ao Brasil. Secretário do órgão, ele perdeu o cargo 37 dias após a apreensão dos itens.
Julio Cesar Vieira Gomes, auditor fiscal de carreira e especialista em direito tributário, foi nomeado para o lugar dele cinco dias depois. Ele era próximo da família Bolsonaro e o decreto que fazia a mudança foi assinado pelo ex-presidente no dia 7 de dezembro de 2021, que informava que a demissão do ex-chefe da Receita ocorreu “a pedido”.
Antes da queda de Tostes, o governo tentou ao menos três vezes entrar com as joias ilegalmente no país. Além do episódio em que um assessor de Bento Albuquerque tentou entrar com as joias dentro de sua mochila, o próprio ex-ministro foi à área restrita para tentar levar o pacote, alegando que seria um presente para Michelle Bolsonaro.
Posteriormente, em 3 de novembro, ele enviou um ato de ofício do Ministério de Minas e Energia ao Ministério das Relações Exteriores solicitando ajuda.
A troca de comando da Receita foi vazada para a imprensa como uma “grande reestruturação” nas secretarias do Ministério da Economia. Na ocasião, foi criada a Secretaria Especial de Estudos Econômicos e diversos titulares foram trocados para esvaziar o impacto da demissão de Tostes.
O ex-chefe da Receita também foi trocado por conta da nomeação em torno da indicação do corregedor do órgão, posto de interesse de Guedes, e por conta da pressão da família em razão das investigações da prática de “rachadinha” contra Flávio Bolsonaro.
Julio Cesar tentou fazer com que os fiscais do órgão liberassem as joias apreendidas, mas fracassou.