Publicado originalmente no Facebook do autor
Posso estar redondamente enganado, mas não vejo como vitória de Sérgio Moro a declaração de Jair Bolsonaro de que seria o próximo nomeado ao STF, conforme “compromisso que fiz com ele”.
Ao contrário, trata-se de queimação explícita. Tem cara das entrevistas de presidente de clube após derrota monumental do time: “O técnico continua prestigiado”.
Moro vem acumulando desgaste após desgaste, tanto no Congresso quanto na opinião pública. O Coaf está em vias de escorregar de suas mãos como gelo encerado. Seu projeto de lei anticrime recebe fogo de barragem da opinião pública e tudo indica ter atolado em algum desvão do Legislativo. Alguns parlamentares aventam estender a PEC da Bengala – que define a idade de aposentadoria compulsória no serviço público – de 75 para 80 anos. Sua imagem empalidece quando se percebe que o Catão de Curitiba era um leão contra o PT, mas mia mansinho diante do escarcéu cotidiano perpetrado por membros do governo e do clã Bolsonaro.
Moro ainda tem popularidade acima do presidente da República. É, por isso, indemissível. Ao mesmo tempo, carrega fardo pesado.
Lançado agora para a vaga de Celso de Mello, que se retirará em novembro de 2020, Sérgio Moro ficará um ano e meio ao relento, sujeito a todo tipo de intempérie. Tornou-se vulnerável não apenas a ataques inimigos, mas a lambadas de aliados invejosos.
Se queria desgastar seu ministro da Justiça, Bolsonaro acertou em cheio. O tiroteio verbal e virtual já começou.