Bolsonaro deve moderar-se na ONU. Ainda assim, será um fiasco. Por Fernando Brito

Atualizado em 22 de setembro de 2019 às 16:57
Jair Bolsonaro. (EVARISTO SA/AFP)

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Descreio, como quase todos, que Jair Bolsonaro vá fazer um discurso de aberta confrontação ao falar na Assembléia Geral da ONU, na terça-feira.

Não porque não esteja querendo, mas porque não está podendo.

Claro, em se tratando de Bolsonaro e sua entourage olavista e augustohelenista, não se pode descartar um surto de bobagens.

Mas – tenho repetido – Bolsonaro é tosco, mas não é burro.

Já chegaram a ele informações – algumas até publicadas – de que a situação do Brasil é de extremo desgaste na comunidade internacional e, no seu inglês hamburguês, até o filho embaixador deve ter-lhe dito para “segurar a onda”.

A fala, não esperem nada diferente, será um amontoado de platitudes sobre soberania, sobre estarmos combatendo incêndios e e desmates, sobre ter mobilizado as Forças Armadas para isso. E outras, como sermos, agora, um país “sem ideologia”, uma democracia perfeita, com instituições e imprensa livres, etc…

Nada, portanto, a “causar”, exceto o que disse ao admitir que o ex-capitão não é burro, mas é tosco.

Não serão os seis minutos gaguejados no Fórum de Davos, onde o assunto eram negócios.

São 20 minutos de tatibitati, o texto formal lido de forma infantilizada, com a hesitação de quem não crê no que lê e por isso incapaz de ênfases, sem as risadas patéticas que aliviam sua tensão, sem as arminhas que lhe servem de expressão corporal.

Serve, porem, para o consumo de seus apoiadores que, afinal, verão, perante o mundo inteiro, proclamado: Brasil acima de tudo, Deus acima de tudo”.