Desprezado pelos líderes do G20, Jair Bolsonaro aproveitou o passeio na Itália com Carluxo para mandar recado à escumalha da extrema direita.
É o chamado dog whitle, apito de cachorro.
“Lula me acusa de genocídio porque é oportunista”, disse em entrevista ao canal de notícias local Sky tg24.
“Vou falar sobre o último caso que veio à tona: o chefe do serviço de inteligência venezuelano, preso há pouco, disse que recebeu recursos e que todas as autoridades de esquerda receberam recursos do narcotráfico, fundos também enviados para a Espanha”.
Prosseguiu:
“Lula quase levou à falência nossa maior empresa de petróleo, a Petrobras. É uma longa história, sua liderança política começou quando ele teve contato com as FARC colombianas e a partir desse momento começou essa relação com o narcotráfico. Um milagre salvou o Brasil: nossa chegada em 2018”.
Bolsonaro está reverberando uma campanha do fascismo internacional que penetrou em correntes de WhatsApp e virou matéria na TV Record.
Delinquentes como Allan dos Santos falam disso sem parar. Tudo sob o apanágio de Steve Bannon.
(O gabinete do ódio de Ciro Gomes, coordenado por um tal Gustavo Castañon, assessor do senador Cid Gomes, também está chafurdando nesse esgoto).
Bolsonaro está se referindo à delação Hugo Carvajal, “El Pollo”, que chefiou o serviço de inteligência do governo venezuelano até 2014, e se tornou um desertor.
O jornalista Miguel do Rosário, do Cafezinho, escreveu sobre a armação:
Em fevereiro de 2019, Carvajal apoiou publicamente, em vídeo postado em suas próprias redes, o insurgente golpista Juan Guaidó Márquez, autoproclamado “presidente”da Venezuela. Em entrevista ao Valor, Ciro Gomes chamaria Guaidó de “agente da CIA”.
Dias após aderir a Guaidó, Carvajal fugiu para a Espanha, onde foi rapidamente preso, em virtude de um acordo de extradição do país com o governo americano, que o acusa de narcotráfico internacional, sob pena de prisão perpétua.
Na acusação do governo americano, se atribui a participação de Carvajal no transporte de 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela ao México, de onde seria levada aos EUA.
Desde então, os advogados de Carvajal tentam adiar ao máximo a extradição, até que, nos últimos dias, quando tudo sinalizava que ele seria deportado, ele sacou da cartola a estratégia de acusar o Podemos de ter recebido dinheiro do governo venezuelano.
Essa é a denúncia aceita pelo juiz García-Castellon e publicada, com “exclusividade”, pelo jornal OK Diario.
Não apenas, todavia, o Podemos é acusado.
Num gesto que traz as impressões digitais dos porões de Washington, o jornal OK Diario apresenta um documento anódino, no qual se fala em “financiamento internacional” para Nestor Kirchner, na Argentina, Evo Morales, na Bolívia, Fernando Lugo, no Paraguai, Ollanta Humala, no Peru, Zelaya, em Honduras, Gustavo Petro, na Colômbia, Movimento 5 estrelas, na Itália, e… naturalmente, para alegria do guru do antipetismo, também Lula da Silva, no Brasil.
Ah, até mesmo o famoso juiz progressista espanhol, Baltazar Garzón, entra na denúncia. Ele também é acusado por Carvajal de receber “milhões de dólares” do chavismo…
Trata-se, evidentemente, de uma jogada desesperada de Carvajal para se livrar de prisão perpétua nos EUA. Fazendo o jogo de quem ele acha que pode salvar sua pele.
É uma armação suja, com dedos do imperialismo, para jogar sujeira em toda a esquerda espanhola e latino-americana.
A notícia, naturalmente, chegou ao submundo bolsonarista e agora já está em todos os portais conservadores do país.