Bolsonaro é um Chevette na terceira marcha. Por Moisés Mendes

Atualizado em 2 de agosto de 2021 às 9:02
Presidente participou de motociata na cidade de Presidente Prudente neste sábado Marcos Corrêa/PR

Publicado originalmente no Blog do autor:

Por Moisés Mendes

Qual foi o tamanho dos atos pró-voto impresso realizados domingo nas capitais? A grande imprensa, com tempo e gente, não sabe dizer. Há muito tempo o jornalismo não dá conta da dimensão de manifestações de rua.

Os jornais, que cobram para informar, não se atrevem mais a medir os públicos de uma aglomeração ou caminhada. Só para não correr o risco de levar bordoadas da esquerda e da direita. É uma fuga covarde da obrigação de informar.

Assim, segundo os bolsonaristas, foram grandes atos. Imagens soltas, que podem ser vistas na Internet, não confirmam essa grandeza, principalmente em São Paulo.

Um jornalista da Folha, que sempre chuta o que pode ser chutado, chegou a dizer que os atos desse domingo foram maiores do que os das esquerdas. Mas maiores em relação ao último ato? Maiores que todas as manifestações anteriores das esquerdas?

E assim encerramos o domingo sem uma informação básica, elementar, que nos dê uma ideia mais aproximada, pela avaliação do jornalismo, do que foram os comícios organizados pela extrema direita.

Também não se sabe direito qual foi a dimensão do passeio de moto em Presidente Prudente, no sábado, apesar de algumas imagens também informarem que pode ter sido um novo fracasso.

Mas sabemos que, em transmissões ao vivo para os atos pró-voto impresso, Bolsonaro voltou a atacar o Tribunal Superior Eleitoral e a ameaçar que, sem voto com o comprovante em papel, não tem eleição.

Bolsonaro chegou ao limite da sua estratégia de tentar causar confusão. O que sobrou é a repetição do discurso do voto impresso. Como o golpe é improvável, repete-se o blefe. Bolsonaro é um Chevette esganiçado, queimando óleo, que tenta chegar a 100 por hora na terceira marcha.

É possível que o blefe ganhe férias, mas apenas por um tempo, se houver contundência no discurso em que Luiz Fux pode enquadrar Bolsonaro e os militares, hoje, na volta do recesso do Supremo.

Qual será o tom? Será alguma coisa poética, circular e gongórica? O que Fux pode dizer que ele mesmo e Dias Toffoli não disseram, num discurso a quatro mãos, em 27 de maio do ano passado, em que defenderam a democracia e alertaram que os golpistas não passarão?

Depois daquele discurso, Bolsonaro e os generais já blefaram duas dúzias de vezes com o golpe. Aguardemos.