Publicado originalmente no blog Tijolaço
POR FERNANDO BRITO
O que fará Jair Bolsonaro depois da reunião de terça-feira, quando, segundo suas palavras, “tentará entender” a razão do anunciado e “desanunciado” reajuste de 5,7%?
Fazendo a intervenção tardia e espalhafatosa que fez na desastrosa política de preços inaugurada por Pedro Parente, com Michel Temer, após o golpe de 2016, Bolsonaro conseguiu fazer de si mesmo refém de seu gesto.
Recuando de seu veto ao aumento, mesmo com índices menores, jogará gasolina na insatisfação dos caminhoneiros, até porque deu a eles, sexta-feira, a sensação de terem todo o poder, inclusive o de obrigar o Presidente a revogar uma decisão já tornada pública pela maior empresa estatal do país.
Não é difícil adivinhar para o que se caminhará a partir daí. A tabela de fretes, empacada até hoje, é sua próxima pauta.
Se mantiver o veto, desmoralizará a ala “mercadista” do Governo, mostrando que Paulo Guedes está redondamente enganado ao dizer que “uma conversa resolve tudo”.
Antes, talvez, Ministro, e nem sempre. Depois de tomadas as decisões, desmoraliza todos os que forma desautorizados, inclusive o ministro de Economia, desta vez explicitamente, não de forma indireta, como da defesa tíbia que faz de reforma da Previdência.
Ao dar uma carta-branca a Guedes e seu grupo, como fez desde a campanha, Jair Bolsonaro renunciou ao poder arbitral do Presidente na área econômica.
Retomá-la, agora, vai lhe cobrar um imenso custo. Pior, vai criar – e já está – tremores na economia. Principalmente se ultrapassar o limite de Guedes em ser a “tchuchuca” do “Mito”.