Na edição mais recente da Marcha para Jesus, realizada na última quinta-feira (30) em São Paulo, o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, falou sobre o apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem esteve em um evento no dia anterior, em Campinas. Para ele, o ex-presidente não teria, atualmente, a mesma força que teve em anos anteriores.
“O tempo desgasta muitas coisas, e a própria ausência, a inelegibilidade [de Bolsonaro], acredito que possa de alguma forma ter enfraquecido, que ele não tenha exatamente aquilo que praticamente era uma unanimidade. Acho que hoje isso não existe, mas que uma maioria muito, muito grande o apoia”, contou, em entrevista à Folha.
Bolsonaro, que não compareceu à Marcha em 2023 e também não foi à edição de ontem, mas esteve em 2019 e 2022, anos significativos de sua presidência. “Eu o convidei, mas entendo que ele esteja muito cansado e tenha outros compromissos”, explicou Hernandes, referindo-se ao recente período de hospitalização do ex-presidente, que durou 12 dias.
Para Hernandes, a Marcha para Jesus tem um papel crucial em quebrar o radicalismo da polarização política no Brasil, mesmo com a imagem do evento ficar fortemente associada ao bolsonarismo. Ele enfatizou que muitos veem os evangélicos como radicais, o que seria uma leitura equivocada. “É um segmento inclinado ao conservadorismo nos costumes, claro, mas não tem tabu que impeça vias para o diálogo”, disse.
Os bolsonaristas Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador do estado, e Ricardo Nunes (MDB), prefeito da capital, também marcaram presença na Marcha. “Que alegria ver tanta gente, todo ano fica maior. Somos escolhidos. Concordam?”, disse Tarcísio, antes de pedir orações pelos governantes.
Após a fala do governador, o apóstolo Hernandes mencionou que Bolsonaro havia enviado um grande abraço para todos, informando que estava em missão arrecadando alimentos. “Falou que tenho a missão de apoiar Tarcísio”, acrescentou Hernandes.
O líder religioso também afirmou que se o presidente Lula (PT) fosse ao evento, ele seria bem recebido por Hernandes, embora pudesse enfrentar um ambiente hostil entre os fiéis. “Neste momento, há um clima que pode ser hostil a ele [Lula], o que obviamente seria um constrangimento extremamente desnecessário, e acredito que se resguardar nesse sentido é importante”, disse o idealizador da Marcha.
Lula enviou uma carta pelo segundo ano consecutivo, destacando a importância do evento. “Como cristão, sinto-me regozijado de ver a dimensão extraordinária que este evento tomou e o papel significativo que ele desempenha na vida de muitos brasileiros, promovendo valores de paz, fé, amor ao próximo e solidariedade”, escreveu Lula.