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Por Luis Felipe Miguel
As análises que vi sobre o desfile de motocicletas com Bolsonaro oscilaram entre sobre ou subdimensioná-lo.
Não dá para dizer que tinha pouca gente. Tinha bastante. É verdade que dez pessoas aplaudindo aquele genocida já seriam indício de uma doença social grave, mas sábado, em São Paulo, teve muito motoqueiro.
Por outro lado, foi bem menos do que o bolsonarismo sonhava. A comparação com as manifestações da esquerda no dia 29 são difíceis, porque gente é uma coisa, moto é outra – e para mim é óbvio que Bolsonaro optou por esse tipo de demonstração exatamente para evitar comparações.
Mas eles falavam em reunir 200, 300 mil motos. Tentaram mobilizar gente de todo o Brasil. Investiram pesado para ter uma demonstração de força.
É razoável pensar que esperavam conseguir realmente 40 ou 50 mil. Ficaram bem longe disso – a estimativa disponível fala em 12 mil.
Bia Kicis, que é talvez a mais descerebrada da tropa de choque neofascista, passou recibo ao divulgar a informação absurda de que o desfile reuniu 1.324.523 motos, assim, contadinhas uma a uma.
Em suma: Bolsonaro está enfraquecido, mas ainda tem força suficiente para ampliar o tom de suas bravatas.
Tenta reforçar o vínculo com os motociclistas, oferecendo benefícios como isenção de pagamento de pedágios, a fim de ter uma base capaz de promover demonstrações públicas. Mas seu esforço principal é dirigido às forças de segurança, que ele corteja de forma cada vez menos contida.
É o caminho de quem está colocando todas as suas fichas na intimidação e no tumulto.