POR ALOIZIO MERCADANTE, ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA)
A comunidade científica foi supreendida, esta semana, com a informação da queima da placa de um servidor do CNPq, com impactos devastadores para o órgão. Ao que parece, com exceção do site e do SEI, que não são abrigados nos servidores do Conselho, todos os demais sistemas do órgão estão inoperantes.
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Relatos dão conta de que os servidores e os colaboradores do CNPq estão sem e-mails e com salários ameaçados e que há um verdadeiro apagão em todos as funcionalidades do órgão, como a plataforma Carlos Chagas e a plataforma de currículo lattes, além da paralisação de editais e de demais atividades do Conselho. O problema parece ser decorrente da falta de um contrato de manutenção e garantia e não é possível mensurar qual a real extensão do problema, inclusive em razão da falta de um backup.
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Além de um grave problema de gestão, essa situação dramática é decorrente do desmonte que o governo Bolsonaro vem patrocinando na ciência, tecnologia e inovação do país, com um verdadeiro estrangulamento orçamentário do setor. O CNPq , por exemplo, vem atuando com o menor orçamento dos últimos 21 anos, apenas R$ 1,2 bilhão, uma verdadeira política de sucateamento e descaso com esse instituição tão fundamental para o fomento à pesquisa e à ciência. Com Bolsonaro, só em 2021, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações perdeu cerca de 29% de sua verba em relação aos recursos executados em 2020.
Outro exemplo do desleixo de Bolsonaro com a ciência é a possibilidade de desligamento do supercomputador Tupã em razão de corte de energia. O Tupã é o principal dispositivo do Inpe para previsões climáticas e fundamental para o planejamento do governo no enfrentamento da estiagem e da crise hídrica.
Infelizmente, vivemos uma completa paralisia do setor e precisamos urgentemente resgatar o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT para recolocar o ciência, a tecnologia e a inovação no centro do desenvolvimento nacional. O obscurantismo e o boicote de Bolsonaro configuram-se como um verdadeiro crime contra a ciência.
Trata-se de um governo negacionista e sem qualquer compromisso com a ciência, a tecnologia e a inovação, fundametais para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Por isso, coloca em risco uma instituição com mais de 70 anos de contribuições para o Brasil, fundada depois da 2ª Guerra Mundial, em 1951, o CNPq. O custo de todo esse desmonte é muita alto e inaceitável.