Bolsonaro faz de Bebianno o “Paulo Preto” deixado à beira da estrada. Por Fernando Brito

Atualizado em 13 de fevereiro de 2019 às 23:15
Jair Bolsonaro e Bebianno Foto: AFP

Publicado originalmente no Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

O advogado Sérgio Bermudes, a quem Gustavo Bebianno prestava serviços antes de embarcar na aventura do “Bolsonaro Presidente” em 2017, foi afiado ao dizer a Mônica Bergamo, da Folha que “se o Bolsonaro deixar se guiar por Carlos, filho dele, ou por quem quer que seja, vai estar se destruindo e causando um dano irreversível ao país”.

Dano irreversível, esclareça-se, é, para esta gente, a imposição de uma pauta mais que conservadora, colonial.

Mas reconheça-se a precisão da citação que faz ao dizer que “gostaria de repetir ao presidente os versos de Guerra Junqueiro. ‘Nem pode haver por certo/não avara que o pão recuse a quem lhe deu a seara/que a esmola negue a quem lha deu primeiro”.

Bolsonaro conta que Gustavo Bebianno amanheça demissionário e não se meta a ser um “Paulo Preto”, reclamando que um líder não deixa seu companheiro abandonado à beira da estrada.

Quer o assunto encerrado antes de anunciar, como afirmou hoje à Record, que baterá o martelo sobre a mais polêmica questão da reforma da Previdência, dando pistas de que não será a desejada pelo “mercado”:

 “Se [a idade mínima aprovada] for 62 [anos para os homens] e 57 [para as mulheres], haverá transição. Por outro lado, a transição aconteceria até 2030 ou 2032, aproximadamente” .

Na entrevista, Bolsonaro escrechou Bebianno:

— Se tiver envolvido (Bebianno), logicamente, e responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode outro a não ser voltar às suas origens.

Não é à toa que os colunistas conservadores estão furiosos com o “sacode” público de Carlos Bolsonaro em Bebianno. Enfraquece mais ainda um Bolsonaro que entrou mais leve do que pretendia Paulo Guedes na questão previdenciária.

E nem começaram as concessões do projeto.