Bolsonaro fez propaganda para Alfacon, escola que ensina tortura para policiais

Atualizado em 29 de maio de 2022 às 13:13
Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução

A morte de Genivaldo de Jesus Santos, que foi preso em uma viatura com gás lacrimogênio durante ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e veio a falecer por asfixia, na quarta-feira (25), em Sergipe, não é um ato isolado.

Após a repercussão do caso, atos violentos praticados por policiais, como “câmara de gás”, podem ser considerados parte do “modus operandi” de parte da corporação.

Douglas Belchior, militante e líder do movimento negro, denunciou no sábado (28), por meio das redes sociais, a ação da AlfaCon que oferece cursos preparatórios para policiais federais. A empresa tem sede no município de Cascavel, no Paraná, e está ativa desde 2012.

Conforme denunciado por Belchior, o presidente Jair Bolsonaro (PL) já fez propaganda da escola, o que é ilegal. Em vídeo publicado no perfil do Instagram de Evandro Bitencourt Guedes, que é um dos sócios da empresa, o chefe do Executivo deseja boa sorte aos estudantes da AlfaCon que prestarão concurso e diz que dará posse para todos eles.

Segundo Belchior, Guedes é ex-policial federal e serviu ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro, de quem se tornou amigo. Foi durante uma aula da AlfaCon, em julho de 2018, que Eduardo disse que bastaria um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).

O militante destacou que não sabe se há uma ligação formal entre a família Bolsonaro e a AlfaCon.

Conforme a denúncia de Belchior, o sócio da empresa, em uma palestra, conta um caso em que se vangloria de agir com violência contra torcedores, em uma partida de futebol no Maracanã, além de proferir frases racistas.

 

Na última semana outro vídeo de um professor da AlfaCon circulou nas redes sociais. Durante uma aula, Ronaldo Bandeira, integrante da PRF, narra uma abordagem policial e, dando risada, conta como torturou um homem com uma “câmara de gás” improvisada.

“Ele tentou quebrar o vidro da viatura com chutes. O que o polícia faz? Abre um pouquinho [o vidro], pega o spray de pimenta e taca”, diz Bandeira no vídeo, imitando o barulho do borrifador e causando gargalhadas entre os alunos.

Essas, porém, não são as únicas situações em que AlfaCon esteve envolvida em polêmicas de tortura. Em abril do ano passado foi revelado pelo UOL, o “personagem fictício” do ex-PM Norberto Florindo Junior. O “Capitão Norberto”, como se autodenomina na sala de aula da AlfaCon, foi flagrado em vídeos revelados pela Ponte Jornalismo em 2019 ensinando técnicas de tortura. Norberto Florindo Junior e o sócio da empresa Evandro Bitencourt Guedes são investigados por ensinarem métodos de tortura a aspirantes e policiais em turmas de preparação para concursos.