O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), convidando-o para sua posse e manifestando intenções de cooperação. Segundo um parlamentar bolsonarista, essa atitude deixou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “muito decepcionado”.
Em conversa com o colunista Josias de Souza, do UOL, esse parlamentar revelou que Bolsonaro considera a carta de Milei um erro, percebendo que o radicalismo de extrema-direita do presidente eleito argentino pode não ser tão inflexível quanto o seu próprio.
“A carta do Milei vale por uma caída em si. É a primeira caída em si, por escrito, em um documento entregue em mãos. A carta é muito delicada e muito realista, deixa claro que não há como Brasil e Argentina deixarem de cooperar no campo comercial e no campo diplomático”, analisou Josias.
O anarcocapitalista também expressou em sua carta a perspectiva de um “trabalho frutífero” e a “construção de laços” entre as duas nações no futuro, através de uma relação próxima.
“Sei que o senhor conhece e valoriza cabalmente o que significa este momento de transição para o processo histórico da Argentina, seu povo, e naturalmente para mim e minha equipe de colaboradores que me acompanharão na próxima gestão do governo”, disse Milei no texto.
Enquanto Lula ainda não sinalizou sobre a possibilidade de estar no evento, Bolsonaro está preparando uma comitiva com diversos políticos de direita para acompanhar a posse de Milei, marcada para 10 de dezembro. O ex-presidente já estendeu convites a cinco governadores brasileiros, consolidando uma representação de extrema-direita de peso para a ocasião.
Entre os governadores convidados estão Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR). Até o momento, Tarcísio e Jorginho Mello confirmaram presença no evento.
A carta de Milei, que ainda não chegou a Lula, foi entregue pela futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Mondino se reuniu com Vieira e os embaixadores dos dois países no Itamaraty no domingo (26). Autoridades brasileiras consideram o gesto positivo, mas ainda avaliam a possibilidade de Lula comparecer à posse de Milei.