Bolsonaro fica tenso com depoimento e tenta adiar julgamento de ação que pode torná-lo inelegível

Atualizado em 17 de março de 2023 às 12:49
Anderson Torres e Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução

A tensão de Jair Bolsonaro aumentou após o depoimento de Anderson Torres ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Seu ex-ministro da Justiça depôs como testemunha em ação que pode levá-lo à inelegibilidade e impedi-lo de disputar eleições por oito anos. A informação é da coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo.

O processo investiga a reunião do ex-presidente com embaixadores no Palácio da Alvorada, quando espalhou fake news e teorias da conspiração contra o sistema eleitoral. Torres foi chamado para falar sobre a minuta golpista encontrada em sua casa pela Polícia Federal.

O documento foi incluído na ação, já que o ministro Benedito Gonçalves entendeu que os dois fatos estão relacionados e devem ser analisados em conjunto por se tratarem de ataques sistemáticos do governo contra o sistema eleitoral.

Torres foi ouvido na condição de testemunha por decisão do magistrado. Os advogados de Bolsonaro tentaram impedir que o ex-ministro prestasse depoimento e ainda insistiram que suas declarações ficassem em sigilo.

Foi a primeira vez que Tarcísio Vieira de Carvalho, advogado que lidera a defesa de Bolsonaro, acompanhou o depoimento de uma testemunha. Torres foi questionado por Walber Agra, do PDT, se não teria cometido prevaricação por ter guardado o documento em sua residência, mas a defesa do ex-presidente interrompeu e alegou que ele estaria induzindo a testemunha a se autoincriminar.

O time jurídico de Bolsonaro pediu que mais cinco testemunhas sejam ouvidas na ação para prolongar o andamento do caso e impedir um julgamento imediato. Na última quinta (16), foi pedido que sejam intimados o deputado Filipe Barros (PL-PR), relator da PEC do Voto Impresso, e o ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO); além de Guilherme Fiuza, Augusto Nunes e a comentarista política Ana Paula Henkel.

Os três últimos participaram de entrevista com Bolsonaro em que ele falava sobre inquérito policial que investigava ataque hacker ao sistema da Justiça Eleitoral. Seus advogados sustentam que “o debate é relevante e não pode ser silenciado ou inibido em nome de alegada ‘efetividade processual'”.

A ideia dos advogados do ex-presidente é estender o processo até a próxima troca no TSE. Com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, que é considerado voto certo pela condenação, Kassio Nunes Marques, indicado ao Supremo por Bolsonaro e responsável por decisões que beneficiaram bolsonaristas, se tornará ministro titular da corte.

Bolsonaro também quer escapar de Benedito Gonçalves, que deixa a corte em novembro. O ministro Raul Araújo é bem visto por bolsonaristas e assumirá a relatoria das ações.

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