O relatório da CPMI do 8 de janeiro, apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-AM), aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “o verdadeiro autor, seja intelectual, seja moral, dos ataques perpetrados contra as instituições”, em Brasília.
De acordo com o parecer de Eliziane, o ex-chefe do Executivo “instrumentalizou não somente órgãos, instituições e agentes públicos, mas também explorou a vulnerabilidade e a esperança de milhares de pessoas”.
A parlamentar ainda diz que o ex-mandatário se utilizou como pôde do aparato estatal para atingir seu objetivo maior: “cupinizar as instituições republicanas brasileiras até a sua total podridão, de modo a ascender ao poder, pretensamente perene, de modo autoritário”, disse Eliziane.
“O então presidente foi o responsável direto, o mentor moral, por grande parte – senão todos – dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impusessem qualquer tipo de empecilho à sua empreitada golpista”.
O relatório da comissão também destaca que não se pode considerar que os bolsonaristas que promoveram os ataques às sedes dos Três Poderes, na capital federal, agiram “sem vínculo subjetivo”.
“Não eram meramente ratos solitários (”lone rats”). Muitas dessas pessoas foram manipuladas por indivíduos que as instrumentalizaram para seus fins criminosos, contrários à convivência pacífica que deve permear as relações sociais e políticas, no Brasil e no mundo”, ressaltou a senadora.
Eliziane apresentou, nesta terça-feira (17), relatório solicitando o indiciamento de 56 pessoas, que engloba tanto civis quanto militares. Bolsonaro e seu núcleo principal de governo, constituído por cinco ex-ministros e quatro ex-assessores, estão entre eles.
Para que o relatório seja validado, a maioria dos membros da CPI, composta por deputados e senadores, deve aprová-lo. Posteriormente, será encaminhado a diversas instituições, como o Ministério Público e a AGU, para avaliação e possível apresentação de denúncias.