Por que o mandato de Bolsonaro está por um fio

Atualizado em 8 de setembro de 2021 às 13:52
Bolsonaro carrega criança em ato golpista
Bolsonaro em cerimônia pelo Dia da Independência, em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

A parceria entre a imprensa tradicional e os líderes de partidos de centro, especialmente o PSDB, vem de longa data.

Foi assim no impeachment de Collor e no golpe contra Dilma.

O cenário começa a se desenhar novamente com Bolsonaro.

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Estadão, Folha e Globo, para ficar apenas em três exemplos, estampam a palavra golpe sem cerimônia para definir os rompantes autoritários de Bolsonaro.

Sabemos que isso não é por acaso, afinal não é ao povo humilde e lançado à carestia pelo governo que esse pessoal deve obediência.

Devem obediência ao que eles mesmo convencionaram chamar de mercado. Os donos do dinheiro, que enxergam em Bolsonaro e na desestabilização social e política um empecílho para seus negócios.

Dito isto, não surpreende o PSDB abrir as discussões para o impeachment de Bolsonaro. O mesmo acontece com Kassab, presidente do PSD e preposto do sistema produtivo na política.

A presença do MDB no bloco dos descontentes é outro indicativo de que a chapa do genocida começa a ferver no Congresso. Quando até Paulinho da Força começa a falar em impedimento é sinal de que as coisas não vão bem no Planalto.

Sobra o centrão.

Com os bolsos cheios por conta da farra da emendas, o bloco ainda resiste.

Mas o presidente da câmara, Arthur Lira, pressionado, já começa a dar sinais de que pode lavar as mãos.

Tanto é realidade que chamou de bravata a convocação do Conselho da República pelo aliado – Lira prefere mesmo a cassação da chapa pelo TSE já que não confia que o vice Mourão, em caso de assumir o comando do país, vá negociar nos mesmos moldes que Bolsonaro.

A questão política que se coloca é simples: a quem interessa, a um ano da eleição, marchar ao lado de uma besta quadrada como Bolsonaro?

Um mandatário que conseguiu abrir frente de conflito com a câmara, o senado, os governos estaduais e o Supremo Tribunal Federal. Em nome de que ninguém é capaz de responder.

Basta ver o gado babando na Esplanada dos ministérios, em Brasília, em Copacabana ou na avenida Paulista.

Para essa gente, Delfim Netto é comunista.

Rodrigo Pacheco, presidente, anunciou ontem à noite a suspensão de todas as atividades do senado por conta das ameaças ditas por Bolsonaro em Brasília na avenida Paulista.

No STF, o presidente Luiz Fux promete rebater no início da sessão desta quarta, 8, as ameaças à corte feitas pelo mandatário.

Nas ruas, o apoio ao presidente é cada vez menor. Para quem falava em fotografia com 2 milhões de pessoas em São Paulo, ter de conviver com um cenário de menos de 150 mil apoiadores é desanimador.

O erro capital de Bolsonaro

Bolsonaro cometeu um erro capital: brigou com todo mundo. E não tem respaldo popular como imagina.

Seu destino está selado por um ou outro caminho: ser defenestrado pelo afastamento ou sair pela porta dos fundos do Planalto após tomar um pontapé na bunda vindo da urna eletrônica.

O genocida está só.