O presidente Jair Bolsonaro (PL) homenageou ao general Newton Cruz, ex-chefe do SNI, a Agência Central do Serviço Nacional de Informações. O militar morreu na última sexta-feira (15), aos 97 anos.
O corpo dele foi cremado neste domingo (17) no crematório da Penitência, no Cemitério do Caju, na cidade do Rio de Janeiro. O chefe do poder executivo federal mandou uma coroa de flores com a frase “Tributo à democracia” e também telefonou para o neto do general para prestar as suas condolências.
De acordo com informações do portal Metrópoles, um familiar, que pediu para não ter sua identidade revelada, declarou que Newton enfrentava problemas pulmonares, tanto que ficou 15 dias internado no Hospital Central do Exército. Ele era viúvo, teve quatro filhos e deixou 11 netos.
General Newton Cruz
Famoso pela truculência — a cena em que ele, destemperado, chicoteia carros em Brasília montado a cavalo é clássica –, Cruz era uma espécie de pré-Bolsonaro.
Foi acusado pela morte do jornalista Alexandre von Baumgarten, escândalo de corrupção do regime. Alegava ter recebido informações sobre a identidade do responsável pelo assassinato, mas se negara a revelar.
Confessou que os militares planejavam outros ataques terroristas além do Riocentro. Foi em 2010, ao jornalista Geneton Moraes Neto.
“Tempos depois eu recebi a informação de que havia um grupo tentando fazer um ataque semelhante. Não era problema meu. Eu tinha apenas que informar. Pela primeira vez saí da minha função na SNI e fui pessoalmente acabar com isso. Pedi para a agência do Rio marcar um encontro com dois elementos do quartel na cidade”, disse.
“Me encontrei com um tenente da Polícia Militar e um sargento em um hotel no bairro do Leme. Disse a eles que falassem com outros companheiros que se houvesse mais algum ataque, eu iria denunciar. Não houve mais nenhum atentado”.
“Nini” encabeçou o SNI entre 1977 e 1983
Foi denunciado pelo Ministério Público Federal em 2014 por participação no episódio. A Justiça lhe concedeu habeas corpus, bem como aos cinco militares e ao delegado envolvido.
Em 1983, agrediu um repórter de TV ao vivo. Mandou-o calar a boca e “desligar essa droga”, referindo-se ao gravador. Não gostou de ser questionado sobre democracia.