Desprezando todas as recomendações médicas, a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou cerca de R$ 4,4 milhões, para envio ao território Yanomami, em alimentos que não são consumidos pelos indígenas, durante uma crise humanitária na região. Com informações do Estadão.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) também participou da prática irregular ao assinar o contrato milionário que possibilitou a compra de cestas básicas contendo sardinha e linguiça calabresa. Ambos alimentos não fazem parte da dieta dos locais da área. Além dos alimentos impróprios, não há registros de que os produtos foram entregues integralmente.
A denúncia revelou que o governo do ex-capitão já havia sido alertado sobre os hábitos alimentares dos Yanomami.
“Os yanomamis não comem sardinha, não comem calabresa. Então, eles realmente jogavam fora, porque isso não é suficiente. Isso não mata a fome”, afirmou o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, representante das comunidades que vivem no território.
A Funai, sob a gestão do ex-mandatário, também comprou 19 toneladas de bisteca para enviar ao Vale do Javari (AM). Os produtos, no entanto, não chegaram até as aldeias.
A Funai foi procurada para prestar esclarecimentos sobre o caso e afirmou que irá avaliar as compras de bisteca, mas não comentou a compra de sardinha e calabresa.
Entre todos os territórios indígenas do país, a Terra Yanomami foi onde o governo federal mais despendeu recursos, ao longo de quatro anos, para comprar alimentos. Os gastos chegaram a R$ 7,8 milhões.
Por outro, os povos originários careciam de atendimento médico básico. As ocorrências relacionadas ao avanço do garimpo ilegal também não eram atendidas.
A empresa na qual o governo Bolsonaro realizou a compra dos alimentos também está sendo investigada após levantar suspeitas na tramitação das negociações
Além das comprar “erradas”, líderes yanomamis apontaram o desperdício de dinheiro com cestas básicas não consumidas.