Sem poder concorrer a qualquer cargo político até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem indicado que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o favorito para ser o candidato da direita nas eleições presidenciais de 2026. Apesar disso, o inelegível afirmou a seus aliados que, para Tarcísio conquistar essa posição, ele precisará “ir até ele” em busca de apoio formal.
Segundo Eduardo Sabóia, do jornal O Globo, essa exigência reflete o desejo de Bolsonaro de manter sua influência sobre o campo político da direita, mesmo após ter sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano passado.
O movimento do ex-presidente é visto como uma tentativa de reafirmar seu poder e descartar outros possíveis candidatos, como os governadores Romeu Zema (NOVO), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás. Segundo fontes próximas ao ex-presidente, ele quer deixar claro que, mesmo afastado das urnas até 2030, ainda é a principal figura para direcionar a escolha de candidatos de direita.
Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, fortaleceu sua imagem ao desempenhar um papel decisivo nas eleições municipais, ajudando Ricardo Nunes (MDB) a chegar ao segundo turno na disputa pela prefeitura de São Paulo. O governador paulista participou ativamente da preparação do prefeito para os debates e destacou a importância da cooperação entre o governo estadual e o município.
Inicialmente, esperava-se que Tarcísio mudasse de partido, deixando o Republicanos para se filiar ao PL, como parte de um acordo para se candidatar com o apoio de Bolsonaro. No entanto, segundo pessoas envolvidas nas negociações, Tarcísio mudou de ideia nos últimos meses.
Entre os fatores que influenciaram essa decisão estão os conflitos internos no PL e a ascensão de Hugo Motta (Republicanos) como o favorito para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados, o que pode fortalecer o partido de Tarcísio.
Além disso, tanto aliados do ex-presidente quanto de Tarcísio acreditam que a vinculação do governador ao campo da extrema-direita já está consolidada, sem a necessidade de filiação ao PL. Há expectativa de que o Republicanos possa abrir mão do Ministério dos Portos e Aeroportos, atualmente sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para formar uma chapa com os bolsonaristas quando a coligação para 2026 estiver mais próxima de ser definida.
Bolsonaro, que foi condenado à inelegibilidade pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao atacar as urnas eletrônicas sem provas, continua desempenhando um papel fundamental nas articulações da direita. Para os que desejam concorrer à presidência em 2026, o apoio do ex-presidente é considerado crucial.
Enquanto Tarcísio se destaca como o nome mais provável para representar a direita bolsonarista, outros possíveis candidatos têm enfrentado rejeição do ex-presidente.
O governador de Goiás, que havia manifestado interesse em se candidatar com o apoio de Bolsonaro, tornou-se alvo de frequentes críticas do ex-presidente. Durante a campanha para a prefeitura de Goiânia, o inelegível criticou duramente Caiado e seu candidato, Sandro Mabel (União), em favor de Fred Rodrigues (PL), que passou de quarto lugar nas pesquisas para o mais votado no primeiro turno.
Em Goiânia, Bolsonaro chegou a chamar Caiado de “rosnador” e o acusou de não honrar a própria palavra, afirmando que o governador “não tem chance nenhuma” de ser seu candidato. “O União Brasil, aqui do chefe, do rosnador, tem ministério do PT. Quem está com o PT, não tem moral para falar nada”, disse o ex-presidente, sem mencionar diretamente o nome do governador goiano.
Zema também foi descartado pelo líder da extrema-direita. O ex-presidente se irritou ao ver Zema costurando alianças com antigos aliados do PT nas eleições de Belo Horizonte, o que o distanciou do bolsonarismo. Zema, que indicou sua ex-secretária de Planejamento, Luísa Barreto, como vice na chapa do candidato do Republicanos, Mauro Tramonte, preteriu o candidato bolsonarista, Bruno Engler (PL), na disputa pela prefeitura da capital mineira.
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