Em uma entrevista à CNN Brasil, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, não hesitou em acusar o governo de Jair Bolsonaro (PL) de interferência política prejudicial à instituição. Rodrigues destacou a instabilidade causada por mudanças frequentes no comando da PF, afirmando que essas interferências indevidas resultaram em um “bloqueio de ações” que comprometeu as atividades da PF.
“Eu me refiro especialmente à instabilidade. E à interferência política na nossa instituição”, enfatizou Rodrigues. Suas palavras ecoam as preocupações levantadas anteriormente por Sergio Moro ao deixar o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
Durante o mandato de Bolsonaro, houve quatro mudanças no comando da Polícia Federal, sendo uma das mais notáveis a saída de Maurício Valeixo, em meio a uma disputa com Moro, então ministro da Justiça.
Valeixo foi sucedido por Rolando Alexandre, indicado por Bolsonaro, mas posteriormente substituído por Paulo Maiorino, escolha de Anderson Torres, que na época ocupava o cargo de ministro da Justiça.
O nome de Alexandre Ramagem também foi cogitado para a direção da PF, mas sua nomeação foi vetada pelo ministro Alexandre de Moraes devido à sua proximidade com a família Bolsonaro.
Em 2020, durante uma reunião com os ministros do governo, o então presidente afirmou que faria todas as alterações que quisesse no comando da PF. “Vou não esperar f*der minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar ‘segurança’ na ponta da linha”, disse na ocasião.
Sabendo que Bolsonaro enviou antes da reunião as mensagens "Moro, Valeixo sai esta semana. Está decidido” e que Moro só respondeu “Presidente, sobre esse assunto precisamos conversar pessoalmente. Estou ah disposição para tanto", veja recados na reunião. (https://t.co/aL04UZfp9E) pic.twitter.com/amrnHU0Lrp
— Felipe Moura Brasil (@FMouraBrasil) May 24, 2020