Quando ainda estava na ativa no Exército, no final dos anos 1980, Jair Bolsonaro destacou-se entre seus pares por reinvidicar reajustes salariais para a sua categoria.
O assunto chamou a atenção da imprens aa da época e o atual presidente teve publicado um artigo seu na revista Veja intitulado “O salário está baixo”. No texto, ele queixava-se da falta de reajustes nos soldos, argumentando que isso ocasionava baixas na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
“Corro risco de ver minha carreira de devoto militar seriamente ameaçada, mas a imposição da crise e da falta de perspectiva que enfrentamos é maior”, diz um trecho do texto veiculado na principal revista da Editora Abril.
A exposição do tema, contudo, rendeu 15 dias de prisão ao hoje candidato à reeleição, uma vez que foi enquadrado por infração disciplinar.
Episódio de maior gravidade de sua breve passagem pelas Forças Armadas, entretanto, ocorreu em 1987: Bolsonaro foi apontado como um dos autores de um plano que pretendia explodir bombas em quartéis e outras unidades militares no Rio de Janeiro.
A ação receberia o nome de “Beco sem saída” e seria posto em prática contra os reajustes propostos pelo governo de José Sarney visando desestabilizar o então ministro do Exércio, Leônidas Pires Gonçalves. Apesar de negar sua participação no ato terrorista, a reportagem apresentou um croqui desenhado pelo próprio Jair.
O caso foi julgado por uma comissão do Exército que decidiu por sua expulsão, decisão que foi revertida após uma sessão secreta do Supremo Tribunal Militar de quase dez horas, ante ao entendimento de que não existiam provas suficientes para incriminar Bolsonaro.
“Considerando as profundas contradições existentes nos quatro exames grafotécnicos constantes dos autos, dos quais dois não apontam a autoria dos croquis enquanto outros dois atribuem-na ao justificante [Bolsonaro] – havendo, inclusive, opiniões diversas de dois peritos, que se manifestaram ora a favor e ora contra o acusado – este tribunal não encontrou, nos autos, elementos de convicção bastantes para imputar ao justificante, sem sombra de dúvida, a autoria dos citados croquis”, diz trecho da decisão do STM, reproduzida no livro “O Cadete e o Capitão, do jornalista Luiz Maklouf Carvalho (Todavia, 2019).
Bolsonaro só viria a ser enviado para a reserva (aposentadoria, no jargão militar) após eleger-se vereador no município do Rio de Janeiro, em atendimento a uma regra do Estatuto dos Militares, pela qual os integrantes das Forças Armadas com mais de cinco anos de serviço que são eleitos para cargos eletivos devem ser transferidos para a reserva no ato da diplomação, com direito à remuneração pelo tempo de serviço.