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Mais uma provocação de Bolsonaro sobre a situação complicada do filho Flavio: “Venham pra cima, não vão me pegar”.
Um presidente que se considerava poderoso disse mais ou menos a mesma coisa lá em 1992. Era forte, bonito, rico, cheiroso.
Esse presidente tinha o apoio da elite da Avenida Paulista, dos coronéis do Nordeste, do latifúndio do Centro e do Sul, dos bancos, da Globo e da imprensa.
Seu ministério tinha esses nomes, do primeiro time das suas áreas, que os mais antigos sabem bem o que representavam:
Sérgio Paulo Rouanet, Adib Jatene, José Lutzenberger, Alceni Guerra, Célio Borja, Celso Lafer, Francisco Rezek, Hélio Jaguaribe, Jarbas Passarinho, José Goldemberg, Marcílio Marques Moreira, Carlos Chiarelli, Pratini de Moraes, Ozires Silva e Arthur Antunes Coimbra, o Zico.
Era um timaço, com nomes respeitados do centro e da direita. Pois o presidente com a proteção desses craques achava que eles seriam seu escudo e que ele nunca cairia.
Formou um ministério de notáveis, que em tese poderiam protegê-lo. Acabou caindo como um saco de batatas, sem apoio de ninguém. Chamava-se Fernando Collor de Mello.
Bolsonaro tem um ministério medíocre, de terceira categoria, tem atritos com os militares, tem três filhos que só tumultuam (um deles envolvido em investigações com milicianos). E não tem o apoio das elites, nem da Globo, nem da imprensa.
Bolsonaro tem o apoio do latifúndio, dos grileiros e da classe média reacionária que puxou sua campanha. Nem o baixo clero do Congresso o apoia. Talvez nem possa contar mais com o apoio incondicional das igrejas neopentecostais.
Pois Collor teve no ministério um intelectual da grandeza de um Sérgio Paulo Rouanet e tombou. Pouco antes de cair, disse em pronunciamento na TV: “Enganam-se aqueles que pensam que vão cassar o mandato do presidente da República”.
Bolsonaro tem Damares. Se quiser mesmo, a direita pode derrubá-lo a qualquer momento, como derrubou Collor.