Bolsonaro mostra que consegue levar os militares para onde quer. Por Moisés Mendes

Atualizado em 1 de junho de 2020 às 10:47

Bolsonaro esteve no sábado no Comando de Operações Especiais, em Goiânia, acompanhado do general Braga Netto, seu ministro da Casa Civil. Braga Netto é considerado o tutor de Bolsonaro.

Viajaram de helicóptero das Forças Armadas, acompanhados de grande comitiva. Não foram visitar um quartel qualquer, um almoxarifado do Exército, mas uma unidade de elite, que realiza operações especiais.

Foi o primeiro recado do fim de semana. No domingo, Bolsonaro também subiu num helicóptero e foi à manifestação contra o Supremo diante do Planalto. Estava acompanhado do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.

Tem um detalhe anotado pelo Estadão. Bolsonaro geralmente usa um helicóptero branco, mais discreto, nesses deslocamentos.

No domingo, sobrevoou Brasília com o ministro em uma aeronave camuflada, um helicóptero de porte, para que fique bem claro que ele desfilou num tanque voador das Forças Armadas e ao lado do ministro da Defesa.

Foi a uma manifestação golpista num helicóptero com camuflagem de guerra e acompanhado pelo homem que deve cuidar das guerras.

Bolsonaro está conseguindo levar os militares para onde vai, ou alguém pode acreditar que ele esteja sendo levado?

Esta semana será terrível para o sujeito. Polícia Federal e Supremo podem voltar a atacar, depois de alguns dias de trégua. Bolsonaro já avisou que a PF não cumprirá todas as ordens vindas do Judiciário. Será?

Esta também é uma semana para testar os novos limites da turma dos blogueiros de Carluxo e do pessoal acampado em torno da grande líder Sara Winter.

Alan dos Santos, o blogueiro mais poderoso, e Sara disputam a primazia de um feito que pode consagrá-los como líderes da extrema direita e vitimizá-los como perseguidos pelo STF no inquérito da fábrica de mentiras e difamações.

Os dois radicalizaram os ataques ao Supremo para saber qual deles será preso primeiro. O primeiro a ser encarcerado espera provocar uma reação forte do entorno. Será o êxtase.

Talvez ninguém conceda esse prazer a nenhum dos dois. Pelo menos por enquanto.

Esta é a semana em que, acossado por todos os lados – pela PF, pelo Supremo, pelo Tribunal Superior Eleitoral, por novos inimigos – Bolsonaro pode cometer não só mais um erro, mas o grande erro.

Bolsonaro pode, de tanto pular, pisar num prego enferrujado. Que erro seria esse? Logo descobriremos. Uma hora Bolsonaro irá errar.