Publicado originalmente no Tijolaço:
A maior parte do noticiário político dá como certa a saída de Jair Bolsonaro do PSL.
Não tenho essa certeza e minha leitura é de que ele não esperava obter tão pouca adesão imediata neste projeto, tantas são as insatisfações existentes no amontoado de parlamentares que elegeu, na sua esteira.
Nos três estados onde elegeu mais da metade da bancada do PSL (Rio, 12; SP, 10 e MG, 6), os problemas são graves.
No Rio, o comando de Flávio Bolsonaro não resolveu os problemas da atração pelo governador Wilson Witzel. Ele comando um “desembarque” no qual ninguém desembarcou.
Em São Paulo, Joice Hasselmann e Major Olímpio mal suportam Eduardo Bolsonaro, que quer ser embaixador em Washington mas continuar comandando a sucessão local.
Em Minas, o imexível Marcelo Álvaro Antônio provoca reações explícitas, como a da deputada Alê Silva, que diz que no PSL só de fala em dinheiro.
Enquanto trocam “arminhas”, urubus observam do galho: além do governador Witzel, João Doria e até Luciano Huck.
A tendência de “recuo” de Bolsonaro, como se interpretou aqui, de início, tem fundamento e defensores, como registra o Valor:
“O presidente Jair Bolsonaro teria desistido de deixar o PSL após avaliar que “ficou isolado” depois do desabafo em relação ao partido e ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE). Segundo fontes, outro fator que teria contribuído para o recuo foi o diagnóstico de que sua saída da sigla causaria “uma celeuma” na distribuição dos recursos para a próxima eleição.
Ao Valor, uma fonte informou que Bolsonaro não formalizou a saída do PSL em nenhum momento. Após uma conversa com o filho Eduardo, deputado federal pelo PSL de São Paulo, o presidente teria desistido de deixar a legenda “porque se viu sem apoio da maior parte da bancada do PSL”. Uma ala da sigla manifestou surpresa com as declarações de Bolsonaro e se solidarizou com Bivar.”
Sim, é inacreditável que um presidente da República, no primeiro ano de mandato, possa perder a maioria em seu próprio partido, se é que se pode chamar assim o amontoado que elegeu.
E, se isso acontece, é que eles percebem que Bolsonaro já não é mais a varinha de condão que os elegeu.
É isso o que o “Mito” ainda não se deu conta e talvez nem venha a se dar, tamanha é sua aversão ao entendimento, à política, à composição.
Mas a coisa se tornou muito exposta e ficar, agora, é uma imensa confissão de fraqueza.