Bolsonaro pediu adiamento de posse de Lula às Forças Armadas, diz sócio de Eduardo

Atualizado em 17 de agosto de 2023 às 10:22
Paulo Generoso e Eduardo Bolsonaro. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O sócio de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em uma empresa nos EUA, o influenciador Paulo Generoso, escreveu em suas redes sociais no dia 30 de dezembro do ano passado, o que seria um plano de golpe com a suposta participação do então presidente Jair Bolsonaro (PL): “Em reunião esta semana com o alto comando das Forças Armadas Bolsonaro pediu apoio para barrar o avanço do Judiciário sobre os outros poderes e pediu para que a posse de Lula fosse adiada por 6 meses até que a equipe de juristas fizesse uma investigação sobre favorecimento a Lula”, escreveu no twitter.

Em outra postagem na sequência, ele contou que a proposta de Jair Bolsonaro não foi bem recebida pelo então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes: “Freire Gomes foi contra e disse que não valia a pena ter 20 anos de problemas por 20 dias de glória e falou que não apoiaria ou atenderia o chamado do presidente pra moderar a situação mesmo após Bolsonaro apresentar vários indícios de parcialidade em favor de Lula pelo TSE e STF”.

Publicação de Paulo Generoso na rede social Twitter com um suposto plano de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder
Publicação de Generoso com um suposto plano de golpe para manter Bolsonaro no poder. Foto: Reprodução

Paulo Generoso é um dos criadores do Movimento República de Curitiba, que surgiu em 2016 para apoiar a Operação Lava Jato. O movimento também defendeu a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 e 2022. Com 1,2 milhão de seguidores, a página do grupo no Facebook, além de ter apoiado os atos golpistas, espalhou notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e a pandemia de Covid-19.

Ao longo de dezembro do ano passado, Generoso e a página do República de Curitiba fizeram diversas postagens para pressionar o general Freire Gomes. “General de Exército MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES, o Brasil pode contar com o senhor?”, publicou a página em 10 de dezembro. Nove dias antes de anunciar o suposto plano de golpe, Generoso postou em suas redes um pedido de orações pelo general.

Freire Gomes também é citado em outro plano de golpe de Estado, dessa vez em conversa entre Ailton Barros, ex-major do Exército, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), de acordo com investigações da Polícia Federal. No dia 15 de dezembro, Ailton Barros disse a Mauro Cid: “É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes para que ele faça o que tem que fazer”.

Conforme mostrou reportagem publicada em maio numa parceria entre a Agência Pública, o UOL, e outros 18 veículos latino-americanos e cinco organizações especializadas em investigação digital, sob a liderança do Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística (CLIP), Paulo Generoso é um dos sócios de Eduardo Bolsonaro na Braz Global Holding. A holding foi registrada em março deste ano no endereço da casa de Generoso, em Arlington, no Texas.

O empresário esteve presente nos atos nos quartéis que contestavam a eleição de Lula e apoiou os atos golpistas de janeiro. Às 14h58 do dia 8 de janeiro, ele fez a seguinte postagem em seu twitter: “Primavera Verde Amarela. Saímos do QG rumo à Esplanada dos Ministérios. Não vamos desistir do Brasil”. Minutos depois, às 15h19, ele escreveu: “Palácio do Planalto invadido agora. É reintegração de posse que chama?”. Paulo Generoso, inclusive, teve a conta no Twitter suspensa, em janeiro de 2023, após decisão judicial.

Generoso também foi um dos organizadores do movimento político do dia 7 de setembro de 2022. Ele compartilhou no dia uma foto em cima do carro de som ao lado do general Braga Netto. A foto foi postada novamente em 30 de dezembro na página da República de Curitiba com a legenda: “Minha homenagem a este grande General Braga Neto. Este tem meu respeito. Gigante”.

A reportagem procurou o general Freire Gomes, que não retornou os contatos. Também foram procurados Paulo Generoso e o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, sem retorno até a publicação.

Publicado originalmente em Agência Pública

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