Quem estava vendo ao vivo pela internet a aglomeração fascista do 7 de Setembro na Paulista não entendeu nada dos gritos de Bolsonaro em direção a outro carro de som. Só os mais próximos e envolvidos na organização do evento entendiam o que se passava.
Os gritos expuseram a guerra de facções dentro do bolsonarismo e o enfraquecimento do inelegível como líder da extrema-direita. Por duas vezes, durante seu discurso, Bolsonaro ordenou que desligassem o cabo da bateria do outro caminhão. E se dirigiu ao organizador do outro trio elétrico como picareta.
O picareta seria Marco Antonio Costa, que financiou o carro de som. Costa é estrela do canal de direita Fio Diário e ex-comentarista da Jovem Pan.
Estavam no seu caminhão os rejeitados por Malafaia, que organizou a aglomeração na avenida e não queria concorrentes. Costa reuniu gente que Bolsonaro não quer ver por perto.
Subiram no caminhão de Costa uma turma da pesada. A deputada Carla Zambelli, o senador Marcos do Val, o deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança e o ex-deputado lavajatista Deltan Dallagnol. O foragido da Justiça Allan dos Santos falou para o público por telefone.
No momento em que mais se irritou com a concorrência dos discursos do outro caminhão (estacionado a mais de 200 metros de distância), Bolsonaro gritou:
“Se for possível parar esse som, a gente agradece, ou então eu peço para alguém sabotar. Arranca o cabo da bateria desse carro. Se esse picareta quer fazer um evento, anuncie, convoque o povo e faça. Não atrapalhe pessoas que estão lutando por algo muito sério em nosso país”.
Bolsonaro quer distância dessa turma, por entender que eles mais atrapalham do que ajudam. E Malafaia é quem escolhe quem sobe no seu caminhão.
Tanto que a outra treta da tarde envolveu o ex-coach e tchutchuca do PCC, segundo o prefeito Ricardo Nunes. Pablo Marçal tentou ficar no carro de Bolsonaro, mas teria sido expulso por Malafaia, conforme versão do próprio Marçal.
O pastor conta outra história: “Ele não foi impedido de subir no carro de som. Isso é uma mentira. Ele ficou com medinho de estar no carro de som durante os discursos contra Alexandre de Moraes. Então só chegou quando a manifestação já tinha acabado. Esse cara não merece o voto da população de São Paulo”.
Temos agora a seguinte situação no bolsonarismo fracionado. A turma de Malafaia fiel a Bolsonaro, os rejeitados de Carla Zambelli e a facção com medinho de Pablo Marçal. Bolsonaro perdeu o controle dessa gente.
Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes