Publicado originalmente no blog do autor
Bolsonaro disse ontem que, na reunião do dia 22, referia-se a questões da segurança dos filhos no Rio, quando falava de mudanças, e não a possível troca na superintendência da Polícia Federal.
Tanto que, quando o assunto são os filhos, ele diz não falar as palavras investigação e superintendência no vídeo mostrado ontem às partes envolvidas nas acusações de Sergio Moro.
Se é isso mesmo, basta perguntar o seguinte: ele mudou alguma coisa na segurança dos garotos, para confirmar a preocupação manifestada na reunião? Mudou a equipe? Mudou procedimentos?
Se não mudou nada, nem gente nem métodos, como parece que não mudou mesmo, fica complicado, porque ele acabou mexendo na superintendência.
Estava preocupado com a segurança dos filhos e não mexe em nada na segurança? E não estava preocupado com a Polícia Federal e mexe na Polícia Federal, logo depois da troca de comando na PF e da demissão de Sergio Moro?
Se for para enganar a Damares, tudo bem. Mas Bolsonaro acha que engana todo mundo.
E o sujeito aproveitou para ressuscitar a história de Adélio Bispo. Ele acha que Adélio queria também matar seus filhos. E que esse era um dos seus medos. Mas Adélio está preso.
A verdade é que, logo que surgiram as primeiras informações sobre o conteúdo do vídeo, ontem à tarde, parecia que as provas haviam finalmente aparecido.
Mas o entusiasmo foi murchando, e a sensação do fim da noite era de que não havia nada de consistente contra Bolsonaro. Até agora, ele venceu mais uma.
COISAS EM COMUM
Bolsonaro disse que o vídeo da reunião do dia 22 deveria ter sido destruído. Pois Moro e Bolsonaro têm algo em comum.
Moro também telefonou para um grupo de autoridades, no ano passado, logo depois da prisão dos hackers que vazaram as conversas dele, para dizer que parte do material seria eliminado.
Seriam gravações com conversas de gente do poder. Ninguém precisava ficar com medo. Moro, ingenuamente, para provar que era um homem forte e decidido, tentou fazer média com os parceiros.
As conversas de todos eles (autoridades da Justiça, políticos, amigos), encontradas com os hackers, iriam para o lixo.
Ele poderia fazer isso? Claro que não, até Damares sabe que não. Mas Moro e Bolsonaro acham que podem. Hoje, o duelo entre os dois continua.