Bolsonaro pode ter gerado prejuízo de mais de R$ 10 bilhões com venda de refinaria; entenda

Atualizado em 5 de janeiro de 2024 às 13:06
Bolsonaro e o príncipe Mohammed bin Zayed, presidente do fundo Mubadala. Foto: Alan Santos/PR

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro vendeu uma refinaria da Petrobras na Bahia abaixo do preço de mercado e cálculos realizados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) mostram que a negociação pode ter gerado um prejuízo de mais de R$ 10 bilhões.

A unidade foi adquirida pelo fundo Mubadala Capital, da empresa de investimentos pertencente à família real dos Emirados Árabes Unidos, em novembro de 2021, por US$ 1,65 bilhão (cerca de R$ 8 bilhões). O polo de refino da Petrobras valia entre US$ 3 bilhões (R$ 14,5 bilhões) e US$ 4 bilhões (R$ 19,4 bilhões) à época, segundo cálculos do Ineep.

Segundo o relatório do órgão de controle, a refinaria Landulpho Alves (Rlam), rebatizada posteriormente como Mataripe, foi vendida em um cenário de “tempestade perfeita” para negociações abaixo do preço do mercado, com incerteza econômica e uma cotação internacional do petróleo em baixa.

Para a CGU, a Petrobras poderia ter esperado a recuperação do petróleo no mercado internacional para vender a refinaria. Segundo o órgão, foram aplicadas metodologias não aplicadas até então para a venda de estatais brasileiras no negócio e não houve “medição de probabilidade realista em eventos futuros”.

“A Pandemia causada pela Covid-19 e a consequente turbulência econômica atingiram a execução do Projeto Phil, gerando riscos e incertezas quanto ao futuro da indústria do petróleo e ao cenário econômico mundial. Diante disso, a Petrobras optou por dar continuidade ao processo de desinvestimento dos clusters RLAM”, afirma o documento da CGU.

O órgão ainda avalia que a venda “não foi realizada de forma apropriada, ocasionando risco de impacto negativo no resultado financeiro”.

Refinaria Landulpho Alves (Rlam). Foto: Divulgação

Vale lembrar que a Polícia Federal investiga joias recebidas por Bolsonaro e outras autoridades do seu governo durante duas viagens oficiais aos Emirados Árabes Unidos em outubro de 2019 e novembro de 2021. O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, afirmou que é “importante esclarecer se há alguma conexão” entre os episódios.

O ministro da CGU Vinicius Marques de Carvalho afirmou que a Polícia Federal já teve acesso ao relatório feito pela controladoria.

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