Bolsonaro realiza a profecia do desastre anunciado por todos: desemprego vai a 14,6% no Brasil

Atualizado em 28 de novembro de 2020 às 20:38
Paulo Guedes e Jair Bolsonaro. Imagem: SERGIO LIMA/AFP

Publicado originalmente no site do PT na Câmara:

O ano de 2020 tem tudo para ser lembrado como o pior da história do País. Dezembro nem começou e o Brasil conta 170 mil mortos pelo Covid-19, com 6,2 milhões de pessoas contaminadas, inflação recorde de alimentos – 9,75% até outubro – e a mais profunda recessão de todos os tempos, com o PIB encolhendo 5,4%. No mercado de trabalho, Jair Bolsonaro conseguiu arrasar. Nesta sexta-feira, o IBGE anunciou a taxa de desempregados no país: 14,6%. O País já soma mais de 14,1 milhões de pessoas sem carteira de trabalho e ocupação. E a crise vai piorar em 2021, quando cessam os pagamentos do auxílio emergencial de R$ 300, que permitiram a manutenção da popularidade do presidente em níveis razoáveis.

O nível de desemprego é recorde, com a maior taxa registrada na série histórica, iniciada em 2012. Soma-se a isso mais de 40 milhões de pessoas vivendo na informalidade e está pintado o quadro da tragédia que país vive, desde que Dilma Rousseff deixou a Presidência da República, apeada do Palácio do Planalto por um Golpe de Estado desferido por conservadores, militares, o mercado financeiro e a velha mídia oligopolista. Para quem acreditava que bastava tirar Dilma que os empregos voltariam e a crise econômica cessaria, eis a dura realidade vivida pelo País com Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: a desigualdade cresceu e a década de 2010 está perdida.

Nesta quinta-feira (26), a revista inglesa The Economist publicou reportagem apontando que o fraco desempenho da economia brasileira afasta as chances de Jair Bolsonaro obter um segundo mandato. “O auxílio emergencial ajudou o país a evitar uma recessão mais profunda. Mas por quanto tempo o governo pode sustentá-lo?”, questiona a semanal britânica, conhecida como uma das bíblias do liberalismo global. “A dívida pública ruma para 100% do PIB. Mesmo com as taxas de juros baixas, esse é um número grande para um país com histórico de inadimplência e inflação”, pondera a publicação.

A Economist é pessimista e já enxerga as dificuldades em 2021, com a possibilidade de um agravamento da crise econômica e a explosão da desigualdade, que já é dramática no Brasil. “A recuperação econômica pode ser lenta e a austeridade parece inevitável no próximo ano”, prevê. “A renda per capita já caiu abaixo do nível de 2010. Muitos brasileiros estão sofrendo. O som e a fúria nacionalistas não pagam as contas”, opina.

O sentimento de naufrágio parece urgente, e a conservadora mídia brasileira já se deu conta da trapalhada que fez ao se posicionar nas eleições presidenciais de 2018, avalizando a cartilha conservadora que, agora, constata ter inviabilizado o país. No mercado financeiro, os sinais de falta de confiança em Guedes e no governo já são mais do que evidentes, com grandes empresários tirando o corpo depois de terem apostado no cavalão do ex-capitão do Exército.

O jornal Valor Econômico estampou na capa de sua edição de sexta-feira (27) que Guedes está desgastado e sem credibilidade. Diz o diário financeiro: “Com o desgaste crescente e a falta de articulação para encaminhar a questão fiscal do País, o ministro da Economia deixou de ser o fiel da balança do governo, segundo executivos de bancos e investidores institucionais”.

Na quarta-feira (25) o jornal O Estado de S.Paulo tirou o apoio que vinha dando a Paulo Guedes e sua agenda desastrosa na economia, atestando o que as oposições e economistas heterodoxos vinham apontando desde 2019: o ministro está sem rumo. “Guedes tem uma vaga ideia de onde está, ignora para onde vai e desconhece, portanto, como chegar lá”, destaca. “Na escuridão, será cobrado ao mesmo tempo para arrumar as contas públicas, ampliar o âmbito da recuperação econômica, aumentar os investimentos e, acima de tudo, cuidar da reeleição do presidente da República”.

A saída do Chicago Boy parece certa e ninguém no mercado chora pelo pífio desempenho do ministro, que fez fama no mundo das finanças manipulando fundos e enriquecendo sem jamais ter colocado um prego numa barra de sabão. “A leitura é a de que uma eventual saída de Guedes já não representaria mais uma ruptura para o mercado, desde que seu substituto mostre comprometimento com uma agenda responsável para tirar o país do abismo e capacidade de execução”, destaca o Valor.