São gravíssimas as declarações de Fernando Haddad sobre Bolsonaro dadas em entrevista ao Estado de Minas nesta quinta, 25.
O candidato do PT derrotado nas eleições de 2018, e virtual representante do partido no ano que vem, disse que o presidente está ‘preparando uma guerra civil’ para deflagrar em caso de derrota na sua tentativa de reeleição.
“Ele é uma pessoa muito instável psicologicamente falando e perigosa”, disse Haddad, acusando Bolsonaro de impor a pauta do armamento da sociedade civil mesmo a contragosto da maioria da população.
“Existe uma camada enorme da população que não aceita os termos que ele coloca para o país. Que não aceita essa guerra que ele está querendo deflagrar. A bandidagem está comprando armas graças aos decretos de liberalização”.
Haddad lembrou que o mesmo aconteceu na Bolívia após a eleição, depois comprovada legítima, de Evo Morales e salientou que o capitão foge reiteradamente dos debates sobre questões nacionais.
“Só fala do que interessa a ele, não ao país. Quantas vezes ele pronunciou a palavra cloroquina no último ano?”
Na Bolívia, o golpe foi revertido com a eleição de Luis Arce no ano passado – o ex-presidente Evo Morales, que fugiu para evitar ser assassinado pelas milícias golpistas, inclusive já está de volta ao pais.
Nos Estados Unidos, Donald Trump, após ser derrotado por Biden, tentou incentivar a população a não aceitar o resultado das urnas, acabou contido pelas autoridades e sua tentativa de golpe fracassou.
A fala de Haddad ganha sentido quando se analisa o comportamento de Bolsonaro no exercício da presidência.
Primeiro ele contesta a fidelidade da urna eletrônica e, em seguida, sem nenhum pudor, faz ataques ao STF e ao Congresso, chegando a dizer que não ‘admitiria mais interferências’.
O Brasil vive uma de suas piores crises da história.
Na economia, o quadro é de carestia com desemprego e aumento de preços. Na política, a pasmaceira comandada pelo Centrão.
Em relação à crise da covid-19, o que sobra é o negacionismo, a incompetência e as mortes em série – passamos de 250 mil óbitos nesta semana.
Enquanto tudo vai mal, o presidente assina decretos para facilitar a posse de armas e instiga a população a fazer justiça por conta própria.
O Brasil sob bolsonaro é um filme de terror. E o pior é que, por oportunismo ou covardia – mais provável -, as autoridades assistem caladas.
Se fosse só a guerra contra o vírus da covid o cidadão podia continuar dizendo que Deus é brasileiro.