Nesta quinta-feira (27), em entrevista à revista ISTOÉ, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) traz riscos à democracia e que vê ameaças ao futuro do país. O petista também destaca que o ex-capitão terá que aceitar o resultado das urnas:
A reeleição de Bolsonaro traria risco para a democracia?
Sim. O atual presidente deu, ao longo da sua carreira política e no cargo, repetidas demonstrações de pouco apreço pelas regras democráticas, pela independência dos Poderes da República e autonomia das instituições. Ele, infelizmente, alimenta conflitos e a divisão no País, em vez de trabalhar pela paz e para que busquemos os objetivos comuns do desenvolvimento, da redução da pobreza, da melhora da Saúde e da Educação.
O episódio de Roberto Jefferson mostra que Bolsonaro pode não aceitar pacificamente o resultado das urnas, repetindo o que aconteceu no Capitólio em 2021?
Bolsonaro terá de aceitar o resultado das urnas. Simples assim! O que o episódio do Roberto Jefferson mostra é o grau de insanidade que o país alcançou com Bolsonaro. Um sujeito, aliado de Bolsonaro, incentivado por declarações dele, que também disse que resistiria à prisão com tiros, que arremessa granadas e atira com fuzil contra policiais federais, é de uma gravidade sem tamanho. (…)
Quais foram os maiores erros do atual presidente?
O comportamento que ele teve na pandemia foi criminoso, irresponsável. Negou a ciência, atrasou a vacina, desprezou as medidas de proteção, incitando as pessoas, em especial aquelas que acreditavam nele, a correr mais riscos de vida. Estudos mostram que mais de 400 mil pessoas morreram por causa da negligência do governo federal na condução da pandemia. São mais de 30 milhões de pessoas passando fome. Imagina o que esse cidadão fará se esse comportamento absurdo for recompensado com um segundo mandato. (…)
O orçamento secreto será extinto?
Se fosse bom não precisaria ser secreto. Eu pretendo construir um orçamento participativo pela internet, com a população podendo participar e entender as definições dos gastos do governo. (…)
O sr. vai tirar os sigilos de 100 anos que Bolsonaro decretou em vários casos?
No primeiro dia de governo.
Bolsonaro abusou da máquina pública, inclusive nas eleições. Como impedir que isso volte a acontecer no futuro?
Elegendo pessoas comprometidas com a democracia. Eu, quando fui candidato à reeleição, só fazia campanha depois do horário de expediente. Bolsonaro, que nunca trabalhou ou governou de verdade, abandonou de vez fingir que governa, e está em campanha em tempo integral há muito tempo. Eu estou me elegendo para um mandato só, para trabalhar muito em quatro anos. E espero que o Brasil volte a ter disputas políticas feitas entre democratas, que respeitam a democracia, como eu e o Alckmin.