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Luiz Henrique Mandetta não brilhará mais em entrevistas coletivas.
Bolsonaro determinou: não tem mais entrevista do ministro falando sozinho. É tudo com o Planalto, e Mandetta deverá se misturar a outros membros do primeiro escalão.
É a primeira vingança de Bolsonaro, diante da decisão do ministro de não pedir para sair, depois que o chefe passeou por Brasília no domingo e contrariou as orientações de isolamento do Ministério da Saúde.
Não haverá entrevista nem do secretário-executivo do ministério, o ex-secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, médico João Gabbardo dos Reis, o segundo de Mandetta, que sempre passou confiança nas apresentações por ter o domínio do que fala.
Foram extintos os balanços diários do ministério com dados sobre o avanço da doença. A decisão foi anunciada pelo ministro chefe da Casa Civil, Braga Netto.
Acabou o reinado da exclusividade de Mandetta como dono dos dados. O ministro só continuará no cargo porque decidiu ser Mandetta mesmo, apesar de ter desafiado Bolsonaro de novo e mantido hoje a posição pelo isolamento e respeito aos decretos dos Estados.
Bolsonaro centralizará todas as informações, com os balanços diários da pandemia no Palácio do Planalto. Quem terá o controle de estatísticas e ações do governo? Os filhos de Bolsonaro?
Braga Netto anunciou que devem participar das coletivas, antes dominadas só por Mandetta e seus assessores, os ministros da Cidadania, Onyx Lorenzoni, da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, além do próprio Bragas. Sergio Moro parece ter ficado de fora.
O Brasil é ameaçado pelo surto do coronavírus e pelo agravamento do surto de Bolsonaro, que praticamente desfez o núcleo interministerial de coordenação das ações contra a pandemia.
Bolsonaro decidiu ter o controle absoluto das informações. Pode estar centralizando tudo para poder manipular os dados e a realidade do avanço da pandemia?
Essa pode ser a nova etapa da estratégia de Bolsonaro para a tentativa de desmonte do isolamento social e das restrições impostas por Estados e municípios.
O bolsonarismo ameaça fazer com a pandemia o que faz desde a campanha eleitoral: espalhar mentiras.