Bolsonaro veio para dividir: saída dele do PSL era previsível. Por Fernando Brito

Atualizado em 13 de outubro de 2019 às 11:48
Jair Bolsonaro. (Evaristo Sá/AFP)

PUBLICADO NO TIJOLAÇO

POR FERNANDO BRITO

A pergunta política da semana que começa é se Jair Bolsonaro sai do PSL ou não.

E isso faz alguma diferença?

Bolsonaro é tão PSL quanto foi PP, PFL, PTB e a penca de partidos onde se alojou por três décadas.

Em nenhuma delas formou um núcleo político, uma corrente de – contenha a risada – pensamento, nada além de obter legenda para candidatar os filhos.

A “briga” com o PSL tem, claro, a ver com o dinheiro do Fundo Partidário e com o controle de seções locais, mas não é isso que a define.

Com três telefonemas, quatro audiências e meia dúzia de cargos ou promessas de cargos, Bolsonaro “resolveria o problema”.

Duas questões, bem diferentes, é que a movem.

A primeira, jogar o laranjal eleitoral ao mar. Essa história de auditoria para cá e para lá é conversa para boi dormir. Bolsonaro sabe perfeitamente o que se fez na campanha, até porque seu então homem de confiança, Gustavo Bebianno era quem assinava todas as despesas.

A segunda, manter as suas hostes em agitação permanente, com a criação de inimigos : os “políticos”, os “fisiológicos”, os “corruptos” servindo sempre para encobrir sua inação e, pior, sua incapacidade.

Bolsonaro está se lixando para ter candidatos a prefeito nas cidades mais importantes do país e todo movimento que fizer na política eleitoral será sempre destinado a abalar o prestígio dos que, na direita, possam ter pretensões à sucessão presidencial.

Quem quiser servir-se do fanatismo que ele criou no país perde o direito a ter vida própria.

Não é, Moro?