O lema “ninguém solta a mão de ninguém” vem sendo aplicado com desenvoltura e sucesso pelos Bolsonaros há muito tempo.
Eduardo alegou, num seminário da extrema direita em Foz do Iguaçu, que “ninguém sabe” o que realmente ocorreu no caso do ex-assessor de seu irmão citado em um relatório do Coaf por movimentações suspeitas de mais de R$ 1,2 milhão.
O PM Fabrício Queiroz era motorista de Flávio e ganhava R$ 23 mil mensais.
O documento identificou um depósito de R$ 24 mil na conta de sua madrasta Michelle. Jair alega que era pagamento de dívida de R$ 40 mil de Fabrício, amigo de mais de 34 anos.
Sete servidores que trabalharam no gabinete de Flávio na Alerj fizeram transferências bancárias para uma conta de Queiroz.
Questionado se as transferências poderiam configurar “devolução de salário”, Eduardo saiu-se com uma ilustração do que é o brasileiro cordial segundo Sérgio Buarque de Hollanda, em sua mistura de público e privado.
“A relação no gabinete conosco é a melhor possível, as vezes até se mistura o trabalho com a amizade. Então, por vezes, ocorre de emprestar dinheiro, por exemplo, um assessor meu uma vez me ajudou a arranjar um cliente para comprar o meu carro, isso acaba se misturando”, falou.
Duas filhas de Queiroz também trabalharam para os Bolsonaros. Nathalia foi secretária parlamentar de Jair e repassou R$ 84,1 mil para o policial.
“Eu podia ter botado na minha conta. Foi para a conta da minha esposa porque eu não tenho tempo de sair”, declarou Jair, que em novembro foi três vezes ao banco em quatro dias.
Enrolado até o pescoço, resolveu culpar o PT, como era de se esperar, num vídeo para a turma em Foz.
“Há um aparelhamento de todas as instituições no Brasil”, mandou ver. E dá-lhe blablablá vagabundo macartista.
Quando toda essa gente que se pendurou nos Bolsonaros abrir o bico, será difícil responsabilizar o “marxismo cultural” ou o Saci Pererê.
Aí todo mundo vai soltar a mão de todo mundo e sair nadando para tentar salvar a pele.