O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, afirmou que uma série de foguetes disparados de dentro de Gaza “passou nas proximidades” do Hospital al-Ahli no momento em que foi atingido.
Citando “informações de inteligência” de diversas fontes, ele afirmou que o grupo Jihad Islâmica foi responsável pelo lançamento fracassado que acertou o hospital.
Ocorre que contas de mídia social pertencentes ao estado de Israel e ao embaixador israelense nos EUA excluíram um vídeo alegando que um foguete disparado de dentro de Gaza causou a explosão mortal.
O vídeo mostrou uma série de foguetes sendo disparados, com um deles parecendo sair do curso em uma trajetória descendente, seguido pelo clarão de uma aparente explosão.
Ambas as contas editaram suas postagens depois que Aric Toler, jornalista da equipe de investigações visuais do New York Times, questionou a data e hora das imagens: 40 minutos depois que a explosão no hospital foi divulgada publicamente pela primeira vez.
Muitos observadores destacaram paralelos entre a negação de Israel do bombardeio ao Hospital Al-Ahli e a sua resposta ao assassinato da jornalista Shireen Abu Akleh, no ano passado.
Shireen tinha cidadania palestina e americana e usava um colete à prova de balas com a palavra “imprensa” e um capacete, mas o tiro a atingiu pouco abaixo desta peça de proteção.
Depois que as forças israelenses dispararam contra Abu Akleh em maio de 2022, as autoridades israelenses negaram envolvimento no incidente e tentaram atribuir a culpa aos palestinos.
O gabinete do então primeiro-ministro Naftali Bennett divulgou um vídeo que mostrava um palestino disparando uma arma em um beco, alegando que as imagens apoiavam sua teoria.
“De acordo com as informações que recolhemos, parece provável que palestinos armados – que disparavam indiscriminadamente – tenham sido responsáveis pela infeliz morte da jornalista”, afirmou o gabinete do então primeiro-ministro.
O vídeo foi desmascarado em alguns meses. Israel acabou admitindo que um de seus soldados matou Abu Akleh, mas que não foi intencional.
Ninguém pagou pelo assassinato de Abu Akleh.