O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderia estar planejando uma estratégia política ardilosa, sugerindo sua própria prisão preventiva para ser solto estrategicamente próximo às eleições municipais de 2024.
Esta análise, apresentada pelo ex-Secretário Nacional de Justiça e advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho durante sua participação no UOL News, destaca a possibilidade de o político utilizar esse movimento para favorecer correligionários e aliados.
Análise Jurídica
Botelho ofereceu uma análise jurídica objetiva, salientando que o desrespeito a uma medida cautelar, como o ocorrido com Bolsonaro ao passar duas noites na embaixada da Hungria após a apreensão de seu passaporte, poderia justificar a decretação da prisão preventiva.
“Fiz uma análise jurídica num primeiro momento do cabimento da prisão preventiva, principalmente no meu ponto de vista que é uma análise 100% jurídica baseada em fatos, não tem análise política nenhuma aqui, dizendo que ao desrespeitar uma medida cautelar a prisão preventiva dele sim poderia ter sido decretada com esse fato objetivo e concreto dele ter passado duas noites na embaixada [da Hungria]”, apontou o criminalista.
Ele também destacou a excepcionalidade dessa medida, ressaltando que seu uso indiscriminado é uma prática que deve ser evitada. Botelho enfatizou que toda prisão preventiva tem um prazo, embora não esteja explicitamente definido em lei, e que o STF tem sido cauteloso em casos de grande repercussão, o que poderia limitar a duração de uma eventual prisão de Bolsonaro.
Estratégia Política
Além da análise jurídica, Botelho compartilhou uma reflexão política intrigante. Ele sugeriu que Bolsonaro poderia estar deliberadamente buscando sua própria prisão preventiva para ser solto estrategicamente antes das eleições municipais, ganhando assim uma vantagem política.
A hipótese apresentada envolve Bolsonaro sendo preso em abril e, após alguns meses, ser libertado mediante uma medida cautelar alternativa. Essa libertação, poucas semanas ou até mesmo um mês antes das eleições, poderia ser utilizada politicamente pelo ex-presidente e seus aliados para influenciar o pleito municipal de 2024.
“Essa minha hipótese pressupõe uma estratégia, uma grande inteligência do ex-presidente, coisa que a gente sabe muito bem que não é o forte dele, mas eu fiz isso a título de discussão e debate: será que ele não está cavando a própria prisão preventiva agora para eventualmente ser solto às vésperas da eleição e ajudar seus seguidores, apoiadores e candidatos no pleito municipal 2024?”, indagou.