O líder do MTST Guilherme Boulos, pré-candidato a deputado federal pelo PSOL, publicou nas redes sociais um texto sobre o risco de um golpe no Brasil orquestrado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Vai ter golpe no Brasil? Esse risco realmente existe ou é só cortina de fumaça?”, indaga o psolista, antes de publicar o texto no Twitter, em forma de thread.
De acordo com Boulos, Bolsonaro pode fazer como Donald Trump quando perdeu a eleição presidencial e “tumultuar o processo eleitoral”, criando um “ambiente golpista”.
Leia na íntegra:
Bolsonaro, depois de um “período sabático” em que deixou de falar das urnas eletrônicas, voltou a ameaçar a integridade do processo eleitoral. Nas últimas semanas, atacou de novo o TSE, voltou a falar da “sala secreta”, exigiu militares no processo de apuração de novo.
Conforme outubro vai se aproximando e ele continua bem atrás de Lula nas pesquisas, Bolsonaro liga o modo desespero. Ataca, agride as instituições e ameaça com o golpe.
Visivelmente, ele usa o discurso golpista como cortina de fumaça, uma manobra de distração pra evitar a discussão dos temas que realmente importam pra maioria do povo brasileiro: inflação, desemprego, queda da renda. Mas não é apenas isso.
Não dá para ignorar que, se Bolsonaro pudesse, se estivesse apenas nas mãos dele, ele já teria dado um autogolpe. Basta ver o 7 de Setembro do ano passado. O bolsonarismo tem um DNA autoritário, herdeiro de Silvio Frota e dos militares da chamada linha dura
Mas o Brasil de hoje não é o mesmo de 1964. Nem o cenário internacional. Hoje dificilmente um golpe teria apoio externo. O mais provável é que gerasse uma série de sanções e o isolamento do Brasil. Muito diferente de 64, onde os Estados Unidos apoiaram o golpe do início ao fim.
Hoje é muito improvável imaginar uma situação em que o comando das Forças Armadas da ativa embarcasse numa aventura golpista do bolsonarismo. Não embarcou até agora, apesar das tentativas.
Agora de aparentemente não existir o risco de golpe tradicional, com tanques nas ruas, não quer dizer que Bolsonaro não vai atuar, como já está atuando, para tumultuar o processo eleitoral, e criar um ambiente golpista.
Fará o possível para mobilizar suas milícias políticas e seus seguidores nas polícias militares. Isso não é suficiente para dar um golpe e virar a mesa, mas é capaz de criar um tumulto no país, a exemplo do que fez Donald Trump com o episódio do Capitólio.
Resumo da ópera: é muito improvável que tenhamos um golpe militar tradicional. Mas também é muito improvável imaginarmos Bolsonaro perdendo as eleições e aceitando a derrota. Será preciso derrotá-lo nas urnas e nas ruas!
Não estamos num processo eleitoral normal. Nosso papel não será apenas no dia 2 de outubro. Essa eleição vai exigir engajamento e mobilização de todos nós. Temos 5 meses para disputar a consciência da sociedade, eleger Lula e derrotar a ameaça bolsonarista. Pra cima deles!