Publicado originalmente no Tijolaço:
Por Fernando Brito
A se confirmarem os resultados das pesquisas de boca de urna, muitas mistificações cairão, embora, como estão falando as urnas, numa apuração extremamente lenta, seja prudente esperar.
Por exemplo, em que candidatos “terceira via” seriam a esperança para derrotar reacionários e fundamentalistas.
Martha Rocha, no Rio, e Márcio França, em São Paulo serviram para, em nome de um suposto voto útil, ajudaram a esvaziar , antes mesmo de candidaturas progressistas, a ideia de frentes de oposição.
Não houve, desta vez, uma “onda nacional”, à direita ou à esquerda, como é natural em eleições municipais.
Os candidatos bolsonaristas marcaram bons resultados, mas dentro de uma “bolha” limitada.
Embora com um resultado medíocre, o PT também não sofreu um massacre semelhante aos de 2016 e 2018.
Seus tradicionais aliados tiveram bons resultados: o PCdoB via a um difícil segundo turno em Porto Alegre e o PSOL, mesmo sem considerar Boulos, teve um ótimo desempenho eleitoral.
Porque Boulos é um capítulo à parte, o candidato que mais se poderia chamar de fenômeno nestas eleições.
Empolgou a juventude e, no segundo turno, ganhará Lula como elo de ligação com o povão, em meio ao qual seu desempenho foi mais fracos.
Os números de pesquisa de boca de urna (a apuração, enquanto escrevo, é desprezível) de Bruno Covas são fraquíssimos para quem era dado até como capaz de fechar a disputa na primeira volta.
Não será, ao que parece, o passeio de segundo turno que as pesquisas anteriores à eleição previam.
Covas é prisioneiros de duas rejeições – a de Bolsonaro e a de Doria – e de um terceira: a rejeição dos bolsonaristas a Doria.
Mas tudo o que se pode comentar, sobre São Paulo e Rio, com quase nada dos votos apurados, são também pesquisas e as urnas é que importam.
Vai ser preciso esperar mais para falar mais, inclusive sobre o futuro das articulações dos partidos de centro-direita, sobretudo com o crescimento do DEM, que estava moribundo seis anos atrás.