Boulos ocupa vaga de “colunista esquerdista” deixada por Haddad e ajuda a Folha a posar de isenta para otários

Atualizado em 9 de janeiro de 2021 às 19:50
Boulos

A Folha de S.Paulo anunciou que Guilherme Boulos voltará a ter coluna no jornal a partir da semana que vem.

“Ele gradualmente obteve respaldo de apoiadores da centro-esquerda, contingente que em outras eleições havia impulsionado candidatos do PT na cidade”, diz o jornal à guisa de apresentação.

A volta de Boulos acontece poucos dias após a saída de Fernando Haddad, atacado num editorial canalha.

Haddad pediu as contas num último artigo, acusando a empresa dos Frias de desqualificá-lo com “expediente discursivo desrespeitoso, ao estilo bolsonarista” e “agredir pessoas de forma estúpida”.

Boulos não ganha nada com a coluna, mas festejou o acontecimento.

Terá, em suas palavras, “um espaço de enfrentamento ao bolsonarismo e de reflexão sobre os destinos do país, da cidade e da esquerda”.

Já a Folha pode posar de isenta e pluralista. É a cloroquina do jornalismo.

Boulos vai trabalhar para o veículo que o denunciou por omitir R$ 579 reais de patrimônio, gerando uma fake news explorada à farta pela direita.

Ele esteve nos quadros do jornal entre 2014 e 2017. Foi dispensado por telefone pelo diretor de redação Sérgio Dávila.

À época, escreveu que estranhou “que essa ligação tenha demorado tanto tempo para acontecer”.

“Tenho posições antagônicas às do jornal e, principalmente, uma militância que incomoda a maior parte dos leitores e anunciantes que o mantêm”.

Essas posições não são mais antagônicas?

“A vida é feita de escolhas. Quando um jornal que pretende ser equilibrado toma a decisão de reduzir seu já restrito grupo de colunistas afinados com o pensamento de esquerda e manter um batalhão de colunistas conservadores e de direita, aprofunda sua opção por um certo tipo de público. Sinal dos tempos”, apontou.

Sinal dos tempos.