Guilherme Boulos, que foi candidato ao cargo de presidente e hoje tenta a prefeitura de São Paulo, deu uma aula no Twitter para Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e ao governo. Ele narrou como aconteceu o aumento de preço do arroz e o que poderia ter sido feito contra isso.
Ele escreveu o seguinte:
1/ Porque o arroz subiu tanto e o que poderia ser feito.
2/ Quem foi ao supermercado nos últimos dias levou um susto: 5kg arroz que custavam 12, 15 reais estão custando o dobro e chegando ao triplo… mais de 30 reais, alguns lugares até 40.
3/ O arroz é o exemplo mais agudo, mas não o único. O preço da comida subiu em geral. Nos últimos 12 meses, o aumento dos alimentos aumentou quase 9% de acordo com o IBGE.
4/ Mas no caso do arroz, o aumento tão expressivo se deve principalmente a três fatores: valorização do dólar, aumento das exportações e período de entressafra.
5/ O dólar a mais de 5 reais faz com que diversos produtores optem por exportar seus produtos, em vez de oferecer o item no mercado nacional. Ao exportar, eles recebem na moeda americana.
6/ Na prática, quem paga para manter o alimento aqui ao invés de sair do país são os próprios consumidores. Além disso, a entressafra fez com que houvesse menos arroz disponível. A procura ficou igual, a oferta diminuiu, o preço sobe.
7/ Mas essa é a explicação pela lei dos preços do mercado. Uma lei que não devia servir pra qualquer situação, especialmente quando estamos falando de um alimento básico e que está no dia dia de qualquer brasileiro.
8/ Nesse caso, faz todo o sentido priorizar o consumo interno e forçar o agronegócio a vender para o próprio país. E valorizar o pequeno produtor, com crédito familiar e que vende para a feira local, o mercado do bairro, a cooperativa agrícola.
9/ Aliás, a maior produção de arroz orgânico da América Latina é feita pelo MST… Colocar comida na mesa e sem agrotóxico… Coisa de “invasor”!
10/ Além disso, o governo federal poderia usar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pra comprar na safra e vender na entressafra ou na alta do dólar e evitar a variação tão grande do preço. Isso é prática comum em países desenvolvidos para evitar sobressaltos em preços.
11/ Essa operação seria bem mais fácil de fazer se, no ano passado, o governo Bolsonaro não tivesse fechado 27 dos 92 armazéns da Conab e praticamente zerado os estoques reguladores de arroz.
12/ O que não adianta é culpar o auxilio emergencial como o vice presidente Mourão fez, dizendo que os pobres estavam comprando muito arroz… Ou o representante nacional dos supermercados que sugeriu “trocar o arroz por macarrão”. É muita cara de pau!
13/ Não é justo que a mão invisível do mercado dite se a prateleira das famílias tenha ou não comida básica. Chega dos mais pobres pagarem a conta da crise!
13/ Não é justo que a mão invisível do mercado dite se a prateleira das famílias tenha ou não comida básica. Chega dos mais pobres pagarem a conta da crise!
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) September 10, 2020