O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e deputado eleito por SP Guilherme Boulos (PSOL) rebateu a declaração da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) de que o PSOL já se reuniu em maioria para não compor o novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é verdadeira.
“É uma opinião dela”, disse Boulos, que foi o deputado mais votado em São Paulo em outubro, com 1 milhão de votos. O coordenador do MTST defende que o partido seja parte íntegra da base do futuro governo de Lula.
“Defendo que a sigla participe do novo governo para ajudar a superar o pesadelo do radicalismo bolsonarista”.
No próximo sábado (17), o Diretório Nacional do PSOL irá se reunir para decidir qual será o seu papel no governo do petista. A discussão deve ser acirrada. “Eu defendo que o PSOL integre a base de apoio ao Lula. O governo será de frente ampla, e nós temos que disputar internamente espaços para puxar a agenda do país para a esquerda”, continuou.
O deputado eleito ainda disse que o partido poderá participar do novo governo “sem perder a sua autonomia”.
“O PSOL ajudará Lula a reconstruir o Brasil. Defendo que o partido participe do novo governo, sem perder sua autonomia, para ajudar a superar o pesadelo bolsonarista, além de contribuir para puxar a agenda do país para a esquerda”, enfatizou Boulos.
O presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, disse que não acredita que a legenda deverá virar as costas para Lula.
“O PSOL reunirá seu Diretório Nacional no próximo dia 17. Até lá teremos muitos debates sobre as tarefas do partido a partir de 1º de janeiro. Estou certo de que o @psol50 não virará as costas para Lula e para o governo que ajudou a eleger. Vamos ajudar a reconstruir o Brasil!”, comentou em seu perfil do Twitter.
Por outro lado, o grupo de Sâmia já foi derrotado em uma situação semelhante, quando defendeu que o partido não deveria fazer aliança eleitoral com Lula. Caso a previsão da parlamentar se confirmar, o PSOL optará por abrir mão de cargos no governo federal e não deverá compor a gestão Lula.
“A gente quer ter liberdade para se posicionar como o PSOL sempre se posicionou, como a ala à esquerda no Congresso Nacional, e vocalizar pautas que a gente sabe que ninguém vai pautar”, disse a deputada, falando sobre a maioria na legenda ser favorável à tese de independência do partido.
Sâmia também comentou sobre a sensação de “dever cumprido” e o orgulho por liderar uma bancada que serviu de vitrine para a militância psolista durante as eleições: “O PSOL foi muito bem. Ampliou a sua bancada, cresceu em referência, soube apoiar o Lula, mas sempre mostrando a sua cara própria. E eu acho que a nossa liderança foi parte importante disso. A sensação é de dever cumprido. De que eu fiz o que era possível e impossível”.
Segundo Sâmia, os deputados federais Talíria Petrone (RJ), Glauber Braga (RJ) e Fernanda Melchionna (RS), e a vereadora e deputada federal eleita Erika Hilton (SP) são favoráveis a independência do PSOL.