Boxeadora argelina que venceu italiana nas Olimpíadas não é trans; entenda

Atualizado em 1 de agosto de 2024 às 17:15
A boxeadora argelina Imane Khelif nas Olimpíadas de Paris. Foto: AFP

Alvo de ataques e fake news bolsonaristas, a boxeadora argelina Imane Khelif não é uma mulher trans. Nascida no sexo feminino, foi reprovada em teste de elegibilidade da Associação Internacional de Boxe (IBA) por ter uma mutação genética. Vale lembrar que o Comitê Olímpico Internacional (COI) não reconhece os exames do IBA.

As mulheres nascem normalmente com um par de cromossomos XX e os homens com cromossomos XY. Porém, “alguns homens nascem com XX e algumas mulheres com XY devido a uma mutação do cromossomo Y”, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o que explica a situação da argelina. As mulheres XY apresentam uma diferença de desenvolvimento sexual (DDS), da qual existem diversas formas.

Na Argélia, país que Khelif representa, a identidade transgênero é proibida e a mudança de gênero ou sexo em documentos de identidade não é permitida, tampouco tratamentos médicos ou hormonais são permitidos para a transição a outro sexo.

Uma foto que viralizou nas redes sociais mostra a atleta quando era criança. A imagem foi mostrada por ela em uma entrevista disponível no YouTube.

Foto da boxeadora argelina quando criança

O Comitê Olímpico argelino criticou os ataques “maliciosos e antiéticos” a Khelif, afirmando que tomou “todas as medidas necessárias para protegê-la”. Já o porta-voz do presidente taiwanês defendeu a chinesa Lin Yu-Ting, que está passando por um caso semelhante ao da argelina. “Sua determinação inspira a nação!” disse ele em um post no X, antigo Twitter.

Lin Yu‑ting, boxeadora chinesa. Foto: Lampson Yip

Os ataques da extrema-direita contra Khelif começaram após sua luta com italiana Angela Carini, que saiu do ringue em 46 segundos. Enquanto bolsonaristas associaram a derrota de Carini à suposta transsexualidade da boxeadora, sua adversária esclareceu que entrou na competição com uma lesão no nariz, o que colocava suas chances em risco independentemente da adversária.

“Entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria vencer. Recebi dois golpes no nariz e não conseguia respirar mais, estava doendo muito. Eu não perdi hoje, apenas fiz meu trabalho como lutadora. Entrei no ringue, lutei e não consegui. Saio de cabeça erguida e com o coração partido. Sempre fui muito instintiva. Quando sinto que algo não está certo, não é desistir, é ter a maturidade de parar”, explicou a italiana.

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