A nova leva de mensagens entre procuradores da Lava Jato divulgada na noite passada pelo site The Intercept traz mais diálogos envolvendo a procuradora Laura Tessler.
Sua conversa com a colega Jerusa Viecili indica que ela não aprovava os métodos adotados por Sergio Moro e não via com bons olhos o aceite do juiz em fazer parte do futuro governo como ministro.
Laura também revela que não tinha nenhuma simpatia pelo Bozo, a quem se refere exatamente assim.
A postura revelada no novo capítulo da série de reportagens faz-nos lembrar de diálogos já revelados anteriormente entre Moro e Deltan Dallagnol.
Dias antes de uma audiência com Lula, o juiz deu uma indireta ao procurador:
“Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem”, escreveu ele a Deltan Dallagnol.
“Ok, manterei sim, obrigado!”, respondeu o escudeiro.
Não coincidentemente, Laura foi afastada.
Os trechos de conversa agora revelados confirmam que Laura não gostava muito da panelinha em torno de Sergio Moro e menos ainda do que já intuía estar por vir.
“Tb acho péssimo. MJ (Ministério da Justiça) nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ (Lava Jato). Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro”, escreveu ela em resposta a Jerusa Viecili, que havia se manifestado igualmente contrária.
Isso aconteceu no dia 31 de outubro.
No dia seguinte, o país inteiro ficou sabendo que Moro seria mesmo nomeado ministro e as conversas no grupo de Telegram escancaram que procuradores já não o tinham em boa conta.
“Cara, eu não confio no Moro, não”, escreveu Ângelo Augusto Costa.
“Incompatível com a postura de Juiz”, mandou Antônio Carlos Welter.
O afastamento de Laura Tessler evidencia que Moro só desejava pitbulls ao seu lado. Laura nem pode ser considerada “imparcial”. Quando do pedido da imprensa para entrevistar Lula, ela escreveu:
“Sei lá… Mas uma coletiva antes do segundo turno pode eleger o Haddad”.
Não dá para ser classificada de petista, certo?
Talvez ela só desejasse andar um pouquinho mais dentro da lei, menos abraçada com algum projeto de poder.
Isso desagradava Moro.