O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu ter o general do Exército Walter Braga Netto como vice para ter uma espécie de “garantia” contra possíveis movimentações do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Se me sacanear, vai sacanear os militares também”, disse a aliados. A informação é da Veja.
Braga Netto, de 65 anos, já foi ministro da Defesa e ministro-chefe da Casa Civil. Atualmente, ele ocupava o cargo de Assessor Especial do Gabinete Pessoal de Bolsonaro. Nesta sexta-feira (1), o general foi exonerado para se dedicar exclusivamente à campanha eleitoral. O militar será vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), que tenta à reeleição.
Para Bolsonaro, Braga Netto “é uma pessoa que, caso eu seja reeleito, vai me ajudar nos próximos anos. Agradeço a ele por ter aceitado essa missão”. O presidente acredita que ter um vice como ele o protegerá dos “ataques” do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial das “canetadas” do ministro Alexandre de Moraes.
Recentemente, Bolsonaro voltou a atacar os ministros do STF, incluindo Moraes. O presidente afirmou que eles tentam “desgastar seu governo e impedir sua pré-candidatura à reeleição”. “Não existe mais lei no Brasil por parte do STF, é uma obsessão por tentar me tirar daqui, ou me fazer inelegível, ou me fazer perder as eleições”, disse. Para Bolsonaro, Moraes pode usar seu poder na Justiça Eleitoral para tentar barrar a chapa governista.
Já o ministro afirmou que os ataques às eleições e ao Poder Judiciário são ataques contra a democracia: “Não há democracia sem liberdade de expressão e imprensa livre. Não há democracia sem eleições periódicas, transparentes e diretas. Não há democracia sem Poder Judiciário independente. São os três pilares da democracia que o Brasil adota”.
Moraes se tornou um dos alvos de Bolsonaro e seus apoiadores após tornar-se relator de investigações como os inquéritos das fake news e milícias digitais. Inclusive, em maio deste ano, Bolsonaro chegou a entrar com uma queixa-crime no STF e com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo que o ministro fosse investigado por abuso de autoridade, mas não obteve sucesso.
Em agosto, o Moraes vai assumir a presidência do TSE e estará na linha de frente da organização do pleito. Com a proximidade das eleições, o ministro tem se preocupado com certo “discurso populista” que tenta prejudicar a autoridade do Judiciário: “É um discurso extremamente populista no sentido de que tal órgão, seja o Judiciário, seja um órgão de controle, não tem legitimidade porque não foi eleito pelo povo”.
“A legitimidade dos Poderes do Estado e das instituições é dada pela Constituição. Um parlamentar está no Congresso, assim como alguém eleito no Executivo, porque as regras constitucionais do sistema eleitoral assim estabeleceram”, afirmou.