Além da morte de Marcelo Arruda no último domingo (10), o Brasil já contabilizou, só neste ano, 26 assassinatos por motivações políticas ou pelo exercício da atividade pública. Além disso, a taxa já é maior do que quatro campanhas eleitorais desde a volta das eleições democráticas.
No primeiro semestre do ano, homicídios por motivações políticas também ocorreram por causa de atividade exercida no serviço público (seis), atividade comunitária ou associação de classe (quatro), denúncia de corrupção (dois) e conflito social (uma). Já os outros casos se enquadram em crimes de mando, em que alguém encomendou o assassinato do agente político.
A partir de 2018, ano da eleição do presidente Jair Bolsonaro, homicídios por divergências políticas cresceram. Por exemplo, nas eleições municipais de 2020, foram 16 assassinatos por intolerância e discussões sobre candidatos em caminhadas, panfletagens e comícios, crimes não premeditados. Os dados são do monitoramento de violência política do Estadão.
Em maio deste ano, o vereador Ednaldo Isidório Neto, do PP, de Serra Talhada (PE), foi assassinado numa antiga guerra de família no município sertanejo. Ele estava em frente a sua residência quando foi morto a tiros por dois homens que estavam em uma moto. Já em janeiro, outro vereador, Carlos Gabriel Ferreira Lopes (Solidariedadede), foi morto também por dois homens que também estavam em moto.
No município catarinense de Major Vieira, o ex-secretário de Obras Sérgio Roberto Lezan, do Republicanos foi morto, meses antes ele tinha denunciado políticos locais por corrupção. “Isso não pode virar algo normal. Um petista é atacado, depois um bolsonarista. Logo, logo, a competição violenta torna-se comum”, ressaltou o professor da Fundação Getúlio Vargas, Sérgio Praça
No caso Marcelo Arruda, o bolsonarista José Jorge Guaranho antes da morte teria dito: “Seus filhos da p…, Lula ladrão, aqui é Bolsonaro, é mito”. Ainda de acordo com o monitoramento, raramente as autoridades do inquérito de um homicídio registram a motivação política, por temerem retaliações.
O ano eleitoral de 2022 superou em homicídios as disputas diretas de 1989 (23), 1994 (17), 2006 (25) e 2014 (20). Foram alvos: Ex-secretários e secretários municipais (cinco casos), servidores públicos (quatro), vereadores e líderes comunitários (três), policiais ligados a políticos (dois) e ativista (um).