Ao término de seus primeiros 150 dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá se encontrado com mais chefes de governo do que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em seus quatro anos no Palácio do Planalto.
Lula já se reuniu com 30 presidentes ou primeiros-ministros, contando os oito que encontrou na cúpula do G7, em Hiroshima, Japão, na última semana.
Já no caso de Bolsonaro, ele teve 31 encontros ao longo de todo o seu mandato, quantia que será ultrapassada quando seu sucessor receber no próximo dia 30, representantes de toda a América do Sul para um retiro em Brasília, tudo isso em menos de 5 meses.
Lula tem mantido uma agenda extensa de viagens: em cinco meses, passou por nove países em cinco continentes, repetindo sempre que “o Brasil voltou”. Foi aos Estados Unidos e à China se reunir com os principais parceiros comerciais brasileiros, conseguiu que americanos e britânicos se comprometessem com doações para o Fundo Amazônia e buscou reconstruir os laços com os vizinhos ao escolher a Argentina e o encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) como destino inaugural.
Outro ponto-chave da política externa que o petista almeja empregar é voltado na criação da proposta de um clube de nações para negociar um possível acordo de paz na guerra da Ucrânia e Rússia.
O contraste entre as agendas internacionais de Lula e Bolsonaro devem aumentar ainda mais. No horizonte, há a cúpula sul-americana no fim de maio. Em julho, há uma cúpula na Bélgica entre os membros da União Europeia e da Celac, para o qual o petista foi convidado. No mesmo mês, haverá também em Durban a reunião deste ano dos Brics. A intenção é visitar outras nações do continente.
As medidas e decisões de instaurar uma maior política diplomática para o Brasil não ficarão apenas no âmbito de grandes nações distantes, Lula também busca reforçar os laços regionais, levando o Brasil de volta para a Celac e para a União de Nações da América do Sul (Unasul). Para isso, ele já se encontrou com quase todos os vizinhos e já recebeu inclusive o recém-eleito presidente paraguaio, Santiago Peña, em Brasília.
O aceno do petista também é forte para os organismos multilaterais, defendendo com frequência a necessidade de uma reforma no sistema de governança global e das instituições financeiras internacionais.
Durante sua reunião com o G7, ele se encontrou com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afim de mediar possíveis acordos de mudanças no cenário socio econômico global.